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Werlang alerta para sinais amarelos na economia

Segunda, 15 de maio de 2000, 11h08min
No meio das boas notícias, como a inflação em baixa e o crescimento de 3,08% do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Sérgio Werlang, admite que ainda há sinais amarelos acesos na economia brasileira. "Temos sinais verdes intensos, como as boas surpresas com o comportamento da inflação, mas ainda há os amarelos", afirma o diretor. Segundo ele, todos esses sinais que requerem cuidados vêm do setor externo.

Dentre os principais, o diretor salienta que, além do comportamento dos preços do petróleo, que ainda é preocupante, a queda da Nasdaq (a bolsa eletrônica americana), que tem repercussão nos mercados emergentes, e a desvalorização do euro ante o dólar são outros sinais amarelos. Mas ameniza as preocupações com o aumento dos juros nos Estados Unidos, fator que tem criado expectativas no mercado. "A subida dos juros americanos não é um fator que seja particularmente prejudicial à economia brasileira", garante.

Mesmo que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, faça mais dois aumentos de 0,50 ponto porcentual, um na terça-feira, dia 16, e o outro em junho, Werlang diz que o número não ficará muito longe das projeções do BC brasileiro em março, que já contemplavam um ajuste de 0,75 ponto porcentual nas taxas dos EUA até o fim do ano. Ele explica que o impacto negativo da elevação das taxas nos EUA na entrada de capitais para o Brasil pode ser contrabalançado por um aumento das exportações para aquele país nesta fase de superaquecimento da economia americana. "Um efeito compensa o outro."

Isso significa que o maior ingresso de dólares, que está ocorrendo agora porque o Brasil está exportando mais para os EUA, compensaria a saída esperada de capitais que poderia haver com o aumento dos juros naquele país.

De acordo com Werlang, a elevação das taxas americanas poderá tornar os investimentos nos EUA mais atraentes e, portanto, levar investidores para lá. Com isso, a taxa de câmbio pode subir e ter impactos na inflação. Mas depois da economia desaquecida, haveria um retorno dos juros e a retomada das exportações brasileiras, o que teria efeito de baixa na taxa de câmbio.

O professor da Fundação Getúlio Vargas Carlos Ivan Simonsen Leal alerta para três riscos para a economia brasileira. Segundo o professor, além do comportamento dos preços do petróleo e da desvalorização do euro diante do dólar, a economia nacional ainda lida com as dificuldades para a valorização de suas commodities. Isso porque as economias européia e japonesa não estão a pleno vapor. Embora tenha concordado com os dois primeiros sinais, Werlang discorda desse último. Para o diretor, nesse caso específico, a luz amarela é menos importante. Segundo ele, o fundo do poço das commodities foi no ano passado. Ele admite que as duas economias ainda não estão funcionando com toda a força. Mas destaca que, no caso do Japão, há recuperação lenta."

No caso das economias européias, o diretor diz que a fase é de expansão. Há uma preocupação em relação às economias da área do euro, por causa da desvalorização daquela moeda em relação ao dólar. Lembrando que o real está mais ligado ao dólar do que ao euro, ele admite que o Brasil poderá enfrentar uma queda das exportações para os países da Europa unificada. "Com a desvalorização da moeda, esses produtos ficam mais caros em dólar", explica.

Dois analistas de mercado discordam do diretor. O economista Luiz Rabí, do BicBanco, teme que a recuperação da economia japonesa esteja em um ritmo muito lento em relação à velocidade que as exportações brasileiras precisam crescer. "Pode não dar tempo", diz Rabí, preocupado com o impacto que as economias emergentes, como o Brasil, têm sofrido a partir dos tumultos no mercado internacional.

Para ilustrar sua tese, Rabí lembra que o efeito Argentina, na sexta-feira, teve repercussões sobre a taxa de câmbio, que chegou a R$ 1,84.

O pior resultado dessa instabilidade, segundo ele, seria a retração dos investimentos para o Brasil. Rabí diz que, embora estejam menos frágeis hoje, as contas externas do país ainda são preocupantes. "O Brasil precisa começar a se vender lá fora de forma mais eficiente", afirma, salientando que o único caminho viável para equilibrar as contas externas é a balança comercial. Isso porque a conta de serviços, ou seja, o pagamento de juros ao exterior e a remessa de lucros e dividendos, não pode ser reduzida.

Um analista de mercado ligado a um banco de investimento carioca rebate o argumento de Werlang sobre o impacto do aumento de juros no mercado americano. De acordo com esse analista, não há efeito compensatório, pois a taxa de câmbio de hoje já contabiliza o ingresso dos dólares decorrentes do aumento da exportação. Com o aumento dos juros nos EUA, ele vê dois efeitos negativos: queda das exportações e fuga de dólares. Somente em um terceiro momento, a taxa de câmbio mais alta poderia promover uma maior competitividade das exportações brasileiras. A exemplo de Rabí, esse analista diz que, para ter maior tranquilidade, é preciso melhorar a balança comercial.
O Estado de S. Paulo

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