Ainda não está na hora do Brasil cantar vitória por estar atingido índices macroecômicos significativos em relação ao passado, disse o presidente Fernando Henrique Cardoso nesta segunda-feira. "Não podemos ficar imaginando que estamos com todos os problemas resolvidos, nós temos que saber onde estão os problemas e buscar convergência para resolvê-los", dise Cardoso na abertura do XII Fórum Nacional promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae). O presidente apresentou números da economia brasileira na abertura do Fórum que revelam a recuperação da economia e apontam uma tendência de crescimento, mas fez questão de frisar que ainda não é o momento de "deitar sobre os louros". "Há possibilidades que o futuro seja melhor que o presente se tivermos capacidade política de seguir adiante", disse.
Ele disse que o Brasil foi o país que se recuperou mais rapidamente da desvalorização da moeda, se comparado a outros países que adotaram a mesma medida. "A situação das contas externas é hoje francamente mais favorável graças a expansão das exportações, principalmente de manufaturados e à queda das importações", disse.
Cardoso lembrou que o país recebeu investimentos de US$ 90 bilhões nos últimos cinco anos e que hoje está mais forte para enfrentar as turbulências no mercado externo, "porque os investimentos não são mais especulativos, são de longo prazo".
Ele voltou a afirmar que a economia brasileira deverá crescer 4% este ano, e que a tendência é de que a renda per capita do brasileiro seja elevada devido à redução do crescimento populacional. "Com a queda no crescimento populacional e o crescimento da economia, isso implica numa significativa expansão da renda per capita", explicou. Em 1998, a renda per capita do brasileiro foi de R$ 5,562 mil, contra renda de R$ 5,307 mil em 1994, informou.
O presidente lembrou que para sustentar o crescimento da economia um dos fatores é o aumento do esforço exportação, "com empresas ganhando escala e melhorando sua gestão", disse. Além disso, existe necessidade de resolver questões herdadas das gerações passadas, como a reforma agrária e a educação, destacou. "Estamos discutindo questões do século passado, devíamos estar discutindo coisas mais avançadas, mas as gerações passadas não fizeram, somos obrigados moralmente a discutir ainda o acesso a terra, o acesso a escola", disse Cardoso.
O XII Fórum Nacional se estende até o dia 18 de maio e é realizado periodicamente pelo Inae sob a coordenação do economista e ex-ministro João Reis Velloso.