Equipe econômica do governo De la Rúa garante rumos
Segunda, 15 de maio de 2000, 16h26min
O presidente argentino Fernando de la Rúa está enfrentando um dos piores apertos financeiros desde que assumiu o governo, há exatamente cinco meses. A reforma tributária baixada logo depois que assumiu o país, em dezembro do ano passado, não está sendo suficiente para cumprir as metas acertadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, ainda, o compromisso da lei de responsabilidade fiscal, que prevê para o ano todo um déficit fiscal não maior a US$ 4,5 bilhões. O déficit fiscal de abril, de US$ 630 milhões, praticamente se aproximou dos US$ 700 milhões previstos para todo o segundo trimestre. "O programa de metas fiscais, embora muito rígido, será cumprido", garantiu Carlos Winograd, secretário de Defesa da Competência e um dos braços direitos do ministro da Economia, José Luis Machinea. Em entrevista à Agência Estado, por telefone de Buenos Aires, Winograd disse que a solvência fiscal é, sem dúvida alguma, a condição necessária para o crescimento da economia do país. "Embora ela (a solvência fiscal) seja irrenunciável, não podemos pensar apenas na política fiscal. Não se pode confundir política econômica como um todo apenas com a política fiscal", explicou o secretário. O secretário reconheceu que o governo vem enfrentando dificuldades, todas elas decorrentes do passado. Mas isso não significa nenhuma mudança de rumo, pelo contrário, disse Winograd, implica maior empenho e esforço para levar adiante as reformas determinadas pelo presidente Fernando de la Rúa. "Não podemos ceder à tentação de colocar em jogo o objetivo da solvência fiscal, porque qualquer alternativa que não considere essa meta terminará produzindo custos superiores aos benefícios desse cenário, cujo resultado seria dificultar o processo de crescimento ordenado", afirmou o secretário. Indagado sobre as razões do nervosismo do mercado em conseqüência das dificuldades financeiras da Argentina, Winograd explicou que ele se deve, em parte, às taxas de juros norte-americanas, que aumentaram de 5% para 6% somente este ano e que ainda podem disparar para 6,5% nesta terça-feira, quando o comitê de política monetária do Fed se reúne. Há cerca de dois meses, em entrevista à Agência Estado, Winograd havia mostrado a sua preocupação com a volatilidade do mercado acionário norte-americano e com o potencial aumento das taxas de juros como conseqüência da turbulência dos mercados. "Mas também não se podem ignorar as boas notícias do cenário internacional, como a recuperação significativa do preços das commodities e o crescimento da economia mundial, além da sólida e ordenada reativação econômica brasileira, que deve ter efeitos positivos na situação externa argentina", disse. Para o secretário, um dos principais indícios disso, por exemplo, é crescimento superior a 15% das exportações nos primeiro quatro meses do ano. Além disso, acrescentou, a aprovação da reforma trabalhista e a vitória decisiva, em termos políticos, do presidente De la Rúa para a prefeitura de Buenos Aires com 50% dos votos. Mas o secretário reconheceu que o governo tem ainda muito a fazer. "Estamos apenas cinco meses no governo. Precisamos introduzir concorrência e desregulamentação em muitos setores, como o de telecomunicações e serviços de saúde, mas, ao mesmo tempo, temos de atender à reestruturação e eficiência do gasto social e educativo. De acordo com Winograd, outra prioridade do governo é a redução da elevada taxa de desemprego, superior a 14% desde 1995 com seus "conseqüentes e devastadores efeitos de exclusão social".
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Agência Estado
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