Alexandre Frederico Runte Júnior, de 40 anos, carioca da Tijuca, será o responsável pelo momento mais esperado do leilão de privatização do Banco do Estado de São Paulo (Banespa): a batida seca do martelo que marcará o fim da novela em que se transformou essa venda. Diretor de pregão da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), caberá a ele selar a transferência de um bloco único e indivisível de 11.232.000.000 de ações ordinárias do Banespa, representando cerca de 60% de seu capital votante e 30% de seu capital social, para o setor privado. O preço mínimo por este montante de ações é de exatos R$ 1.850.283.333,34, ou para ser mais preciso: um bilhão, oitocentos e cinqüenta milhões, duzentos e oitenta e três mil, trezentos e trinta e três reais e trinta e quatro centavos. O pagamento das ações será realizado à vista, em moeda corrente. E o comprador ficará com uma instituição presente em todo o País, por meio de seus 1.380 pontos de atendimentos, dos quais 577 agências. Um volume de 21.500 funcionários, ativos de R$ 29 bilhões, carteira de crédito de R$ 4,8 bilhões e lucro líquido até setembro de R$ 676 milhões.
Diretor de pregão da BVRJ, Runte estreou na função de leiloeiro da instituição durante a venda da Companhia Vale do Rio Doce. Enfrentou dias de tensão antes daquele 7 de maio de 1997, quando o consórcio liderado pelo empresário Benjamin Steinbruch arrematou o bloco de controle da mineradora por R$ 3,3 bilhões. Marcado para o dia 29 de abril, foi adiado por ações e liminares que pipocaram na Justiça. Só ocorreu uma semana depois. Do lado, uma praça com policiais e manifestantes se enfrentaram nas imediações da BVRJ, em volta da Praça XV, onde está o Paço Imperial e suas imensas janelas de onde a Princesa Isabel declarou extinta a escravidão no País.
Ao contrário da maioria dos leiloeiros, Runte, funcionário da BVRJ há 15 anos, não ganha comissão pela venda. Presente em todas as fotos históricas de privatizações como a da Telebrás, esse filho de gaúcho com mineira comandará o leilão. Pontualmente às 10 horas, se não houver suspensão pela Justiça, abrirá o leilão com a leitura das regras do edital e o anúncio dos participantes. Cada corretora entregará a ele um envelope fechado com a sua identificação no lado externo e, em seu interior, a do participante e a respectiva oferta grafada numericamente e por extenso.
O leilão passará ao sistema viva-voz se houver lances iguais ou superiores a 80% do valor da maior oferta apresentada nos envelopes. São nesses momentos, que a voz de Runte soará mais forte e vencerá o leilão aquele que apresentar a maior proposta no sistema viva-voz. Façam suas apostas. O martelo Runte só baterá ao término da operação.
Leia mais:
» Funcionários do Banespa deverão passar dia apreensivos
» Dívidas de SP causaram primeira intervenção ao Banespa em 94
» Diretor do BC afirma que Banespa não tem créditos podres
» Banespa: governo espera guerra jurídica
» Funcionários do Banespa usam Constituição estadual
» PM faz megaoperação para garantir leilão do Banespa
» STF cassa liminares que impediam leilão do Banespa
» Leiloeiro dará informações sobre ações judiciais do Banespa
» Banespa será decisivo na disputa pela liderança no setor
» Veja especial sobre leilão do Banespa