O leilão de privatização do Banespa deve deixar apreensivos os cerca de 20 mil funcionários da instituição, que temem perder as mordomias que dispõem atualmente. Como parte da luta contra a desestatização, eles permaneceram dez dias em greve no início do mês e realizaram várias manifestações no País. Os funcionários de bancos públicos sempre foram considerados elite entre os bancários por terem várias regalias. A principal delas é a estabilidade de emprego, inexistente na rede privada. Outro benefício é a licença de 60 dias. A cada três anos, eles recebem automaticamente uma gratificação. O vale-refeição dos banespianos vale R$ 9,94 por dia, contra R$ 8,56 da rede privada.
Para o economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, as condições dadas ao Banespa criaram "um mundo irreal, com a ausência de riscos". Ele afirma que, mesmo com a privatização, os funcionários não serão pegos de surpresa com demissões em massa. As demissões que forem necessárias, segundo ele, serão feitas com incentivos e mediante negociação. O patrimônio público do Banespa foi sendo destruído, porém, a partir das "conquistas trabalhistas" dos funcionários e da interferência dos políticos.
Os banespianos contam, por exemplo, com um diretor eleito por eles com assento no Conselho de Administração. E, até 1995, quando o banco sofreu intervenção do governo federal, esse diretor já tinha pleno acesso ao que era feito com as contas da instituição.
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