O elevado ágio pago pelo Santander na compra do controle do Banespa foi motivo de comemoração pelo governo, mas deverá trazer perspectivas nada animadoras para os acionistas minoritários do Banespa, segundo o analista de bancos do J.P. Morgan, Beltran Estrada. "Como o Santander pagou um preço muito alto no leilão pelo controle, o banco espanhol deverá fazer uma oferta baixa para quem detém ações do Banespa como forma de reduzir o custo total de aquisição do Banespa", afirmou Estrada.Segundo ele, o próximo passo do Santander será o de retirar do mercado as ações do Banespa, ou seja, fechar o capital em bolsa do banco. "Mas isso não deverá acontecer antes de seis meses", disse Estrada.
Antes, explicou, o Santander terá de fazer, provavelmente, uma emissão primária de ações na Espanha para trocar suas ações com quem detém os papéis do Banespa. E, em razão do ágio de 281% pago no leilão, a probabilidade de essa relação de troca ser desfavorável aos minoritários do Banespa é muito grande. "Na minha opinião, os acionistas minoritários não deverão receber nenhum ágio sobre o valor atual do mercado das ações do Banespa como proposta do Santander numa eventual troca de ações", disse Estrada.
Estrada considerou muito elevado o preço de R$ 7,05 bilhões pago pelo Santander pelo controle do Banespa. "Estávamos estimando um valor justo pelo controle até o máximo de R$ 4 bilhões", afirmou. Para o analista, apesar de aumentar de tamanho e ganhar considerável fatia de mercado, o Santander levará pelo menos um ano para competir em pé de igualdade com o Bradesco, Itaú e Unibanco.
"Vai demorar um tempo até eles arrumarem a casa. Não sabemos qual é a qualidade dos ativos que eles compraram e para ajustar a estrutura do Banespa, com demissões de funcionários, eles vão enfrentar grande oposição política de sindicatos e partidos políticos, especialmente sendo um banco estrangeiro", disse.