Para o analista Tomás Awad, do Chase Manhattan, o Santander comprou participação no mercado brasileiro ao arrematar o Banespa pelo ágio de 281%. "Acho difícil que o banco obtenha um retorno econômico razoável do preço pago", disse à Agência Estado. O analista afirmou que realizou as projeções para as instituições financeiras locais envolvidas no leilão. "É difícil obter um valor presente de R$ 7,050 bi nos cálculos", ressaltou. "Não se sabe as contas que o Santander realizou para oferecer esse ágio, se o banco está otimista em relação à redução de custos."
De acordo com ele, a instituição espanhola demorará mais para cortar gastos e para digerir a estrutura do Banespa que seus concorrentes nacionais. "A quantidade de funcionários é menor e, por conseqüência, os cortes administrativos."
Capital fechado - O analista disse ser "provável que o Santander feche o capital do Banespa". Segundo ele, o próprio preço pago no leilão, com ágio de 281%, indicaria essa tendência. "Ao assumir esse prêmio, o banco chega a um valor muito alto para o Banespa, de R$ 21 bi, e precisa fazer um preço médio mais interessante."
A situação para os minoritários, afirmou, é conflitante. "A tendência é que o Santander reduza o preço total da aquisição e pague menos ao minoritário." Awad acredita, entretanto, que o banco pagará algum prêmio aos acionistas. "O Banespa tem muitos acionistas grandes", justificou.
Dados da Economática mostram que o valor de mercado do Banespa está em R$ 2,250 bi, ou seja, o novo controlador teria de pagar esse valor aos acionistas para fechar o capital. Segundo o analista, a recuperação das ações do Bradesco e do Unibanco mostra que os investidores entenderam a importância desses bancos nacionais não terem vencido a disputa, "levando-se em consideração o preço pago pelo Santander".
Ele lembra que o Bradesco, por exemplo, teve suas ações penalizadas nos últimos tempos, por medo que a instituição pagasse mais que o previsto pelo Banespa.