Segunda, 20 de novembro de 2000, 17h11min
A venda do Banespa para o banco espanhol Santander foi recebida com alívio pelo diretor do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região, Hamilton de Almeida. Banespiano há vinte anos, ele diz que a categoria estava preocupada com a possibilidade de o banco ser arrematado pelo Bradesco ou Itaú. Se isso acontecesse, segundo ele, as demissões atingiriam níveis "insuportáveis", já que as duas instituições financeiros contam com um número muito grande de agências.

"Dos males, o menor", disse Almeida, logo após a divulgação sobre a venda do Banespa. Conformado com a situação, ele procurava passar a idéia de que as consequências negativas para os funcionários do Banespa serão menores do que o esperado. "Sou contra a privatização, mas acho que esse resultado será menos traumático para todos nós", disse.

Segundo Almeida, os banespianos estavam "muito assustados" com a possibilidade de o banco passar para o controle do Itaú ou Bradesco.

"Haveria uma sobreposição de agências, com consequências imprevisíveis para os trabalhadores", disse. Só em Campinas, por exemplo, há sete agências do Banespa, 14 do Itaú e 23 do Bradesco.

Em cidades menores, no interior do Estado, segundo Almeida, a situação seria mais grave. "Nos municípios pequenos, quase todas as agências de bancos privados pertencem ao Bradesco ou Itaú" , disse. "Nenhum dos dois iria manter funcionários sobrando nestas cidades", completa.

Almeida tem esperança de que o Santander mantenha no interior o mesmo perfil das agências do Banespa. "Na maior parte dos municípios, o trabalho é basicamente voltado para o financiamento agrícola", disse. "Se essa meta for mantida, acredito que dará para tocar o banco sem muitas demissões".

Almeida, porém, é uma voz destoante dentro do próprio sindicato. Os outros diretores discordam do banespiano. "Somos contra a privatização, independente do capital que adquiriu o banco", afirmou o presidente da entidade, Afonso Lopes da Silva. "Lutamos todo o tempo contra a privatização e não vamos mudar agora", completou.

De acordo com o presidente, o Sindicato pretende apoiar os movimentos que a categoria pretende deflagrar a nível nacional. Ontem (20), pelo menos 350 funcionários do Banespa, dos cerca de 500 que trabalham em Campinas, participaram de uma manifestação em frente a principal agência do banco, no centro da cidade. "Fizemos uma paralisação cívica por duas horas", disse. Segundo ele, também houve protestos em cidades vizinhas como Americana e São João da Boa Vista.

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Agência Estado

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