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Investimento espanhol no Brasil supera o americano em 2000

Segunda, 20 de novembro de 2000, 18h58min
No fim de 1995 as empresas espanholas tinham investidos no Brasil apenas US$ 251 milhões, o que colocava o País na 13ª posição entre os investidores estrangeiros, segundo o censo de capitais estrangeiros do Banco Central. A partir da privatização dos setores de energia elétrica e de telecomunicações, o apetite ibérico aumentou e entre 1996 e outubro deste ano as empresas espanholas investiram no Brasil US$ 16,778 bilhões, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com US$ 23,914 bilhões.

Os espanhóis compraram empresas de telefonia em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo; e de energia elétrica no Rio de Janeiro, na Bahia, no Sergipe, no Rio Grande do Norte e no Mato Grossso do Sul.

Destacam-se entre estes investidores a Endesa (energia), a Iberdrola (energia), a Telefónica de EspaÏa (telecomunicações) e os Bancos BBVA e Santander. Também são comandadas por espanhóis a Companhia de Gás do Rio de Janeiro (Ceg) e a Flumitrens (trens metropolitanos no Rio de Janeiro).

Considerando-se apenas o acumulado deste ano, a Espanha bateu os Estados Unidos, investindo US$ 4,834 bilhões, contra US$ 4,493 dos americanos. "Com os US$ 3,5 bilhões que serão usados para o Banespa, a Espanha confirma sua liderança este ano", disse o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet), Antônio Corrêa de Lacerda.

O economista observou que nos últimos anos as grandes empresas espanholas perceberam a importância de uma atuação global. "Os conglomerados espanhóis de telecomunicações, energia e finanças não teriam condições de brigar na Europa e nos Estados Unidos e se direcionaram para os países emergentes. Neste quadro, a América Latina apareceu como o melhor mercado para a Espanha", explicou.

O analista de mercado da Sirotsky Consultoria Financeira Carlos Antônio Magalhães, avaliou que estes negócios atraíram o interesse do espanhóis porque foram vendidos em privatizações que determinavam regras claras para o mercado. "É mais fácil para um empresa estrangeira entrar num mercado no qual muitas empresas novas estão entrando. Em setores já estabelecidos na iniciativa privada nacional, as empresas têm a enorme desvantagem de não conhecerem o mercado", disse.

Magalhães observou que a venda do Banespa ao Santander está abrindo uma brecha para a entrada dos espanhóis em uma área dominada por grandes empresas brasileiras. Para o analista, apenas o holandês ABN Amro conseguiu uma boa posição entre os bancos de varejo porque comprou o Banco Real. "O HSBC, embora seja enorme no mundo, ainda está digerindo o Bamerindus no Brasil", comentou.
Agência Estado

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