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Analistas apostam que Santander vai fechar o capital

Segunda, 20 de novembro de 2000, 19h37min
O comportamento do Santander com os minoritários do Banespa já está preocupando os acionistas do banco paulista. O presidente da Associação Nacional dos Investidores do Mercado de Capitais (Animec), Waldir Corrêa, afirmou que vai ficar atento aos próximos passos da instituição espanhola. A preocupação da Animec deve-se ao histórico do Santander com os minoritários. No ano passado, o banco incorporou o Noroeste em uma operação que gerou muita polêmica.

Analistas de mercado acreditam que o Santander deve fechar o capital do Banespa, o que é permitido pelo edital de venda. No entanto, como o Santander pagou um ágio muito elevado na privatização, a oferta para comprar os papéis em poder dos minoritários não deve ser tão atraente.

Para diluir o custo1 de capital, os novos controladores que participaram do processo de privatização têm realizado ofertas pelas ações das empresas no mercado, pagando valores bem inferiores aos oferecidos nos leilões.

Um acionista da Santander chegou até a recorrer à Justiça para obter o direito de vender suas ações do Banespa pelo mesmo preço pago pelo bloco de controle, mas não obteve sucesso. Esse direito, chamado "tag along", foi retirado da Lei das Sociedades por Ações na reforma de 1997, elaborada exatamente para viabilizar o processo de privatização brasileiro.

Ao comprar o restante das ações do Banespa - 40% do capital votante e 70% do capital total - , o Santander poderá diluir o preço pago no leilão. O analista Tomás Awad, do Chase Manhattan, acredita ser "provável que o Santander feche o capital do Banespa". O próprio preço pago no leilão, com ágio de 281%, indicaria essa tendência. "Ao assumir esse prêmio, o banco chega a um valor muito alto para o Banespa, de R$ 21 bilhões, e precisa fazer um preço médio mais interessante." A situação para os minoritários, afirmou, é conflitante. "A tendência é que o Santander reduza o preço total da aquisição e pague menos ao minoritário." Awad acredita, entretanto, que o banco pagará algum prêmio aos acionistas. "O Banespa tem muitos acionistas grandes", justificou.

Essa possibilidade de disputa com os minoritários também repercutiu entre analistas de Nova York. "Como o Santander pagou um preço muito alto no leilão pelo controle, o banco espanhol deverá fazer uma oferta baixa para quem detém ações do Banespa como forma de reduzir o custo total de aquisição", afirmou Beltran Estrada, analista de bancos do J.P. Morgan.

Segundo ele, o próximo passo do Santander será o de retirar do mercado as ações do Banespa, ou seja, fechar o capital em bolsa do banco. "Mas isso não deverá acontecer antes de seis meses", disse Estrada. Antes, explicou, o Santander terá de fazer, provavelmente, uma emissão primária de ações na Espanha para trocar suas ações com quem detém os papéis do Banespa. E, em razão do ágio de 281% pago no leilão, a probabilidade de essa relação de troca ser desfavorável aos minoritários do Banespa é muito grande.

"Na minha opinião, os acionistas minoritários não deverão receber nenhum ágio sobre o valor atual do mercado das ações do Banespa como proposta do Santander numa eventual troca de ações", disse Estrada. O governo vendeu hoje cerca de 60% do capital votante, o equivalente a 30% do capital total, restando em circulação no mercado cerca de 70% do capital total. Estrada considerou muito elevado o preço pago pelo Santander pelo controle do Banespa. "Estávamos estimando um valor justo pelo controle até o máximo de R$ 4 bilhões", afirmou.

Para o analista do J.P. Morgan, apesar de aumentar de tamanho e ganhar considerável fatia de mercado, o Santander levará pelo menos um ano para competir em pé de igualdade com o Bradesco, Itaú e Unibanco. "Vai demorar um tempo até eles arrumarem a casa. Não sabemos qual é a qualidade dos ativos que eles compraram e também para ajustar a estrutura do Banespa, com demissões de funcionários, eles vão enfrentar grande oposição política de sindicatos e partidos políticos, especialmente sendo um banco estrangeiro", disse.

O analista de bancos do Bear Stearns, Jason Mollin, também de Nova Iorque, acredita que o Santander deverá fazer uma oferta para retirar do mercado as ações em poder dos minoritários do Banespa com base no valor patrimonial, após fazer uma limpeza dos ativos do Banespa e também uma redução ("write-downs") no valor desses ativos em balanço.

"Infelizmente, os minoritários do Banespa não deverão receber por suas ações o mesmo preço que o Santander pagou pelo controle do banco no leilão de privatização", disse Mollin. Segundo ele, o Santander pagou no leilão o equivalente a cinco vezes o valor patrimonial por apenas 30% do capital total. Mollin estima que o custo total de aquisição do Banespa poderá ficar em volta de 2,4 vezes o valor patrimonial se o Santander comprar os restantes 70% do capital em poder de minoritários por um valor equivalente a 1,3 vez o valor patrimonial, o que corresponderia a um valor ajustado ao preço mínimo de R$ 1,85 bi fixado pelo governo para a venda do controle no leilão de privatização.

Segundo o analista do Bear Stearns, os funcionários do Banespa deverão exercer seus direitos de adquirir do governo cerca de 3,3% do capital total a um valor equivalente a 50% do preço mínimo fixado para o leilão e, provavelmente, deverão vender essas ações para o Santander pelo preço mínimo. Mollin acredita que o Santander irá usar suas ações em troca das ações do Banespa hoje em poder dos minoritários para tirar os papéis do ex-banco estatal do mercado. Sobre o preço pago no leilão, de R$ 7,05, Mollin achou a quantia muito elevada. Segundo ele, o preço pago corresponde a um equivalente a US$ 4.285 por cliente. "Alguns acharam um valor de outro mundo, mas para os acionistas do Santander pode não ter sido muito caro se o Santander baixar o custo total de aquisição reduzindo a oferta para os minoritários do Banespa", disse Mollin.

O analista Bruno Pereira, da UBS Warburg, disse que o preço pago pelo Santander aos acionistas minoritários do Banespa em eventual fechamento de capital "tende a girar em torno do valor de mercado". Ele não descartou a possibilidade de o novo controlador analisar o valor patrimonial, mais alto que o de mercado, ou ainda realizar ajustes no patrimônio para reduzi-lo, fazendo a oferta pelo novo preço. Para Pereira, é provável que ocorra o fechamento de capital, por meio da troca de ações.

"Mas isso não deve ocorrer até o final deste ano." A tendência na troca de ações, na opinião dele, é que seja oferecido algum tipo de prêmio, "até mesmo para atrair o minoritário". Pereira disse, no entanto, que o espaço para esse prêmio é pequeno. "A intenção é minimizar custos." Ele explicou que a operação de fechamento de capital é uma tendência em se tratando de controladores. Pelo raciocínio, a fatia adquirida hoje pelo Santander, de 30% do capital total do Banespa, é pequena em face dos investimentos necessários e cortes de custos futuros. "O controlador vai querer extrair os benefícios dessas melhorias."
Agência Estado

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