A caminho da prosperidade financeira
Aprovar medidas fiscais é decisivo para colocar em movimento a máquina produtiva nacional
Após a aprovação da reforma da Previdência, que trará uma economia de R$ 800 bilhões ao País nos próximos dez anos, o governo e o Congresso brasileiros estão desenhando uma agenda de reformas econômicas e fiscais de longo alcance, que podem promover mais crescimento e novos investimentos para o País.
Esse conjunto de reformas, desde a racionalização do aparato administrativo governamental até a simplificação do código tributário e o novo marco legal do saneamento, representariam o início da reabertura da rota para o crescimento econômico. A pavimentação desse caminho, no entanto, exigirá a participação de investimentos privados de longo prazo em infraestrutura - para desafios presentes e futuros.
Mesmo com as necessárias reformas para enfrentar a crise fiscal do País, a verdade inconveniente é que o Brasil tem de construir muito, dado o seu déficit de infraestrutura, que pode chegar a R$ 2 trilhões. Para desenvolver, operar e manter uma rede de estradas, portos, aeroportos, saneamento, rede elétrica e outros elementos fundamentais que podem alavancar a produtividade e sustentar o crescimento econômico a longo prazo, o País precisa investir, pelo menos, 3,2% do PIB ao ano em infraestrutura, segundo o Fórum Econômico Mundial.
No Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), nós vemos esse momento como promissor. Como um investidor institucional no Brasil, nossos investimentos contribuem, de várias maneiras, para o construção do futuro do País.
A aprovação das medidas fiscais que já foram apresentadas é decisivo para colocar em movimento a máquina produtiva nacional e, ao fazê-lo, atrair a próxima geração de investimentos estrangeiros necessários para ajudar a desenvolver a economia em geral e a infraestrutura em particular. Discussões são importantes, mas somente ação faz o PIB crescer.
Porém, não existe bala de prata em economia. Não há uma reforma mais importante que as demais. É o conjunto das reformas que terá impacto no ambiente econômico. Isso significa um marco regulatório estável e previsível, um pipeline robusto de projetos e a garantia do estado de direito, incluindo a inviolabilidade de contratos a longo prazo, para atrair investimento privado para o País.
É inegável que as condições para se fazer negócios no País têm melhorado, mas o Brasil tem muito o que avançar, como mostram os vários rankings de competitividade. Falta, por exemplo, um pipeline robusto de projetos de infraestrutura. Enquanto existem relevantes oportunidades de investimento em energia renovável e tradicional, em transporte e mobilidade, o desafio é viabilizá-las. A barra é muito alta se quisermos competir com as taxas de crescimento de outros países emergentes, como China e Índia.
Para o Brasil, à medida que caírem as taxas de desemprego e a economia voltar a crescer ao ritmo de 3% ou 4% ao ano, veremos oportunidades em setores tradicionais, como consumo, varejo, educação e serviços. Podemos alcançar essa taxa de crescimento se os investidores tiverem confiança no aprimoramento de leis e marcos regulatórios para privatizações e concessões.
Outro sinal positivo são os juros baixos e a inflação controlada, que focam as empresas em crescimento e produção - diminuindo o retorno da renda fixa e atraindo recursos para os setores produtivos. O passado nos mostra que volatilidade pode ser preocupante, mas não devemos nos preocupar somente com o curto prazo.
Para nós, é importante que, nos países onde investimos, as instituições sejam fortes e independentes. As reformas vão atrair capital para o futuro e promover o crescimento econômico. E essa é a hora para acelerarmos essas reformas que vão atrair capital de longo prazo e desenvolver o País.
*DIRETOR-GERAL PARA AMÉRICA LATINA DO CANADA PENSION PLAN INVESTMENT BOARD