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Abertura de capital da XP foi 'vitrine' para empresas brasileiras nos EUA, diz executivo

Responsável pela área financeira da plataforma de investimentos, Bruno Constantino diz que IPO foi chance de vender o Brasil para o investidor global

16 dez 2019 - 19h15
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SÃO PAULO - A XP Investimentos chegou à Nasdaq como a empresa brasileira de maior valor listada nos Estados Unidos. Segundo a plataforma de investimentos, o processo funcionou como uma "vitrine" do Brasil para investidores globais. "Visitamos mais de 200 investidores, sendo que muitos estão fora de mercados emergentes", afirmou o sócio da XP Inc e responsável pela área financeira do grupo, Bruno Constantino, em entrevista ao Estadão/Broadcast. "Foi a chance de vender o Brasil para o investidor global."

Em uma oferta concorrida, que movimentou US$ 2,25 bilhões e com o preço da ação fixado acima da faixa indicada inicialmente, a XP estreou na bolsa americana com alta de mais de 27%. "Investidores que não entram no Brasil ou em abertura de capital viram nosso prospecto e pediram reunião com a gente, interessados em nosso modelo de disrupção", disse. "Foi muito importante para o futuro da empresa atrair esse tipo de investidor. O dinheiro do IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) veio para o Brasil. Nossos negócios estão no Brasil."

A XP, conhecida por democratizar o mundo dos investimentos no Brasil, foi criticada por ter escolhido os Estados Unidos na hora de sua abertura de capital. No entanto, o sócio da XP rebate a crítica: além da proximidade com os investidores que investem apenas nos Estados Unidos, a regulação norte-americana foi crucial para a escolha.

Por lá existe um mecanismo que no Brasil é conhecido como voto plural, ou simplesmente de "ação super ordinária". Esse modelo permite à ação ter mais direito político do que outra classe de papel. "Essa estrutura garante no longo prazo a nossa partnership (sociedade) mantenha o controle, sem restringir a capacidade de alavancagem da empresa", disse. Assim, se a XP precisar fazer uma nova captação no mercado, o controle será mantido por conta da estrutura societária.

Na Nasdaq, as ações da XP foram divididas em duas classes, sendo que os detentores das ações da "classe B" terão dez vezes mais votos do que os que tiverem as ações "classe A". No IPO, foram vendidas apenas as ações de classe A. Entre as empresas estrangeiras, Facebook e Alibaba têm essa estrutura. As brasileiras PagSeguro e Stone, que abriram capital nos Estados Unidos, também têm ações super ordinárias.

Flexibilidade

Sócio da XP responsável pela área jurídica, Fabrício Almeida diz que a abertura de capital nos Estados Unidos foi a saída para a XP manter sua flexibilidade de crescimento de longo prazo, principalmente após a diluição que os sócios sofreram ao longo dos anos.

A primeira diluição ocorreu em 2010, com a entrada dos fundos de private equity Actis e, alguns anos depois, com a General Atlantic. Há dois anos, houve mais diluição com a compra de 49,9% pelo Itaú Unibanco. Naquele mesmo ano, a XP tinha pedido o registro para abertura de capital na bolsa brasileira, mas o processo foi interrompido com a transação com o Itaú. "Na época, tínhamos 60% do capital nas nossas mãos", diz.

Segundo Almeida, ao contrário de ofertas de empresas nacionais feitas nos Estados Unidos, a XP buscou privilegiar fundos brasileiros que se enquadraram às rígidas regras para comprarem ações. Entre 25% a 30% da alocação acabou com gestoras nacionais. Esses fundos foram ativos na busca de informações sobre a oferta e mandaram, inclusive, representantes para Nova York para participarem das reuniões.

Dupla listagem

No futuro, se houver necessidade de novas captações, a XP não descarta uma dupla listagem no Brasil, se as regras locais forem alteradas. Uma das mudanças já foi endereçada, em relação às BDRs. Semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu audiência pública para discutir alteração nas regras dos BDRs, o que deve abrir a porta para que as empresas brasileiras que escolheram abrir capital fora do Brasil possam ter esses certificados negociados no mercado local. Outra mudança que ocorrerá é a retirada da restrição de que apenas investidores qualificados, aqueles com mais de R$ 1 milhão investidos, possam comprar esse papel.

No entanto, para a dupla listagem da XP, é preciso ainda uma mudança da Lei da S.A.s que permita a existência das ações "super ordinárias". Já existe um projeto de lei tramitando na Câmara sobre esse assunto. Semana passada, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, defendeu a mudança, e disse a B3 estava trabalhando para tirar as amarras para que o mercado local não perca liquidez para outras jurisdições. Uma das formas, frisou, "é acabar com as arbitragens regulatórias" entre os países e isso envolve o voto plural.

Estadão
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