Abilio Diniz foi vítima de sequestro às vésperas de eleição e investigação pode ter influenciado resultado; entenda
Sequestro ocorreu dias antes do segundo turno da eleição presidencial Lula X Collor
Abilio Diniz, que faleceu aos 87 anos nesse domingo, 18, foi vítima de um sequestro que entrou para a história do Brasil. O 31º brasileiro mais rico do mundo até a data de sua morte, com patrimônio estimado em US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões, na cotação atual), de acordo com o ranking da Forbes, foi vítima de um sequestro às vésperas da eleição de 1989 entre Lula e Collor.
O empresário, que na época era presidente do grupo Pão de Açúcar, ficou em cativeiro durante seis dias, e só foi liberado no dia 17 de dezembro. Ele foi sequestrado sob o pedido de resgate de US$ 30 milhões na época (R$ 148 milhões, na cotação do momento), mas a polícia conseguiu prender 10 envolvidos no sequestro.
O grupo de sequestradores era formado por quatro chilenos, dois argentinos, dois canadenses e um brasileiro, ligados ao Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), do Chile. O sequestro do bilionário ocorreu em São Paulo, quando ele ia para o trabalho. Foram 36 horas de cerco até que a polícia encontrasse os sequestradores e eles se rendessem.
Depois da prisão dos sequestradores, a polícia apresentou camisetas do Partido dos Trabalhadores (PT) e material de campanha de Lula, que teriam sido encontrados em imóveis alugados pelo grupo de criminosos. A polícia apresentou também agendas do grupo com nomes de petistas, relembra reportagem do jornal O Globo desta segunda-feira, 19.
Embora não se tenha comprovado a relação do crime com o PT, a avaliação do jornal é que os materiais influenciaram no resultado nas urnas.
Falecimento
A causa da morte de Abilio Diniz foi insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. Um dos mais influentes empresários do Brasil, ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do hospital Albert Einstein, na capital paulista.
Abilio foi presidente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), empresa que fundou, expandindo com sucesso a doceria da família ainda na década de 1950. Antes de falecer, ele ocupava de vice-presidente do conselho administrativo do Carrefour no Brasil, sócio majoritário das Casas Bahia, dono de uma fortuna estimada em R$ 12 bilhões.
Ele era casado há 19 anos com Geyze Diniz. Juntos, tiveram dois filhos, Rafaela e Miguel. Além deles, Abilio deixa outros três filhos, frutos de seu primeiro casamento com Maria Auriluce Falleiros: Ana Maria, Adriana e Pedro Paulo.