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Abiove projeta exportação recorde de soja em 2021; mantém safra do Brasil

14 dez 2020 - 11h56
(atualizado às 15h18)
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A produção, exportação e processamento de soja do Brasil em 2021 poderão atingir novos patamares recordes, estimou nesta segunda-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que considera ainda prematuro revisar para baixo a expectativa de safra apesar do clima irregular.

Trabalhos avançam em plantação de soja em Primavera do Leste, Mato Grosso
REUTERS/Paulo Whitaker
Trabalhos avançam em plantação de soja em Primavera do Leste, Mato Grosso REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

"Consideramos que ainda é um pouco cedo para fazer qualquer revisão, principalmente para baixo em função do clima. Ainda existe um tempo que precisamos para observar a concretude disso", afirmou o economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral, durante evento com jornalistas.

Para 2021, a Abiove projeta uma safra de 132,6 milhões de toneladas, estável ante previsão de novembro. Uma pesquisa com analistas, realizada pela Reuters no início do mês, apontou uma média de 131,79 milhões de toneladas para a colheita que começa em janeiro.

O volume de safra previsto pela Abiove superaria em 5,6 milhões de toneladas a previsão revisada para cima de 127 milhões de toneladas de 2020, versus 120,75 milhões de toneladas em 2019.

Caso a projeção se concretize, a exportação de soja do Brasil, maior produtor e exportador global, poderá atingir históricas 83,5 milhões de toneladas em 2021 --uma estimativa estável ante previsão de novembro.

Em divisas, isso resultaria em receita de 41,18 bilhões de dólares em 2021, ante 35 bilhões de dólares em 2020, com a soja respondendo pela maior parte do faturamento com as exportações, com um total de 34,2 bilhões de dólares.

A soja tem sido nos últimos anos o principal produto de exportação do Brasil.

Amaral explicou que, apesar de uma grande safra esperada no Brasil, os Estados Unidos (segundo produtor global) vêm de uma safra afetada pelo clima, enquanto a Argentina (terceiro) também está lidando com questões climáticas, o que tende a dar sustentação aos preços.

Enquanto isso, lembrou ele, a China estará forte no mercado internacional, o que deixará a oferta mais apertada.

O preço médio da soja exportada pelo Brasil deverá atingir 410 dólares por tonelada, ante 350 dólares da média em 2020. A Abiove também projeta cotações de óleo e farelo de soja mais altas em 2021.

O economista da Abiove ressaltou que o processamento de soja também será recorde em 2021, a 45,8 milhões de toneladas, ante 45 milhões em 2020, com impulso da demanda por farelo da indústria de ração animal e de óleo para a produção de biodiesel, principalmente.

"Para o farelo de soja, esperamos um aumento do consumo doméstico, e para o óleo também o mesmo, até mesmo uma redução das exportações, com a entrada do B13 (mistura maior de biodiesel para 13%) em março de 2021", disse ele.

Da produção total de óleo de 9,2 milhões de toneladas, o biodiesel deverá abocanhar 5,5 milhões de toneladas.

Já a produção de farelo aumentará para 34,9 milhões de toneladas, ante quase 34 milhões em 2020.

REVISÃO EM 2020

A safra de soja do Brasil em 2020 ficou acima das expectativas, o que permitirá uma exportação maior que a esperada do país neste ano, previu ainda nesta segunda-feira Abiove ao revisar seus números.

A Abiove revisou a safra de soja do Brasil de 2020 para um recorde até o momento de 127 milhões de toneladas, ante 126,4 milhões na previsão de novembro.

Já a exportação de soja do Brasil, que reduziu os estoques para níveis mínimos históricos, foi estimada em 82,3 milhões de toneladas em 2020, ante 82 milhões de toneladas em novembro.

O volume previsto de exportação supera as 74 milhões exportadas em 2019.

O recorde anterior da exportação de soja, de 83,26 milhões, foi registrado em 2018, segundo números da Abiove.

ESTOQUES APERTADOS

Com estoques finais projetados em 2020 em mínima de 219 mil toneladas, as importações de soja deverão fechar o ano com 1 milhão de toneladas, enquanto em 2021 continuarão em patamares historicamente elevados, de 800 mil toneladas.

Ainda assim, o Brasil deverá fechar 2021 com estoques relativamente baixos, de 419 mil toneladas.

No caso do óleo de soja, o Brasil deverá terminar 2020 com importação de 250 mil toneladas, forte crescimento ante as 48 mil toneladas de 2019. Para 2021, as compras externas do produto também ficarão relativamente altas, em 200 mil toneladas.

Já as exportações de óleo de soja deverão recuar para 400 mil toneladas em 2021, com o setor buscando atender a mistura maior do biodiesel, ante 1,1 milhão de toneladas em 2020.

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