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Ações contra o efeito estufa ainda estão distantes das metas perseguidas pelas empresas brasileiras

Segundo estudo do Boston Consulting Group (BCG), uma em cada quatro companhias do País tem definições para reduzir gases de efeito estufa, uma proporção acima da média global

1 nov 2024 - 14h49
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As empresas brasileiras enfrentam uma situação conflitante quanto aos seus objetivos de ter uma operação menos poluente na prática. Um estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a plataforma de ação climática CO2 AI aponta que o País está na liderança global de medidas de descarbonização, mas perde consideravelmente o protagonismo ao ter menos sucesso na redução de gases de efeito estufa, conforme as suas próprias metas estabelecidas.

O relatório "Boosting Your Bottom Line Through Decarbonization" ("Aumentando seus lucros por meio da descarbonização", em português), que está em sua quarta edição, foi produzido com informações de 1.864 executivos atuantes em 26 países dos cinco continentes.

Segundo o documento, 25% das empresas brasileiras já definiram metas para reduzir emissões de gases de efeito estufa, fazendo do Brasil um líder mundial nessa iniciativa, acima da média global, que é de 16%. No entanto, somente 12% dessas companhias conseguiram uma redução efetiva conforme suas ambições, deixando o País abaixo de outros mercados como os da China (19%), Estados Unidos (18%) e Japão (16%), que lideram o ranking.

Segundo pesquisa, Brasil ainda não conseguiu diminuir emissões de gases poluentes em linha com suas metas
Segundo pesquisa, Brasil ainda não conseguiu diminuir emissões de gases poluentes em linha com suas metas
Foto: Jonne Roriz/Estadão / Estadão

O diretor executivo e sócio do BCG, Arthur Ramos, é otimista quanto à análise dos dados, e acredita que a discrepância entre o planejamento e a prática no ambiente corporativo brasileiro pode ser explicada por conta de as empresas do País estarem terem metas mais ambiciosas do que as dos demais países.

Além disso, Ramos acrescenta que China e Estados Unidos são países líderes em emissão mundial de dióxido de carbono (CO2), e proporcionalmente têm maior volume de gases poluentes para mitigar, principalmente para atender às regulações ambientais internacionais para exportação.

"Com o contexto da COP-30, que será realizada no Brasil, percebemos o setor empresarial interessado no que pode fazer dentro dessa agenda, dando um plus relevante no País. Por outro lado, o mercado de exportação é muito importante para os países que são grandes emissores, como a China, e eles acabam precisando estar preparados para contextos mandatórios nos quais a emissão de gases poluentes é um fator relevante", explica o especialista.

Retrocesso mundial

De modo geral, os dados do relatório alertam que houve um retrocesso generalizado entre os países consultados nas medidas corporativas de descarbonização. Na comparação com 2022, globalmente, houve reduções de até quase 10 pontos percentuais na elaboração de relatórios sobre emissões nos escopos 1, 2 e 3 de CO2 (emissões diretas e indiretas), queda em definição de metas e baixa redução de emissões, de acordo com o planejado pelas empresas.

No entanto, a pesquisa revelou que as companhias que adotaram medidas de descarbonização relataram ganhos líquidos de, aproximadamente, US$ 200 milhões em média (pouco mais de R$ 1 bilhão). Um retorno anual de mais de 7% em cima dos investimentos feitos por essas empresas em sustentabilidade.

"Alguns segmentos têm um ceticismo relacionado à agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), principalmente relacionado aos pontos que foram associados a um modismo, e é natural após um hype (tema em alta) começarmos a ver na prática só quem tem compromissos efetivos mais sérios", afirma Ramos. "Independente de ter havido uma redução na divulgação dos resultados, aquelas empresas que estão fazendo bem (as iniciativas de descarbonização) estão colhendo benefícios."

Estadão
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