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Ações da Petrobras recuam quase 3% após anúncio de nova troca no comando

Bolsonaro decidiu demitir José Mauro Coelho, no cargo há pouco mais de 40 dias e terceiro presidente da estatal no atual governo

24 mai 2022 - 11h05
(atualizado às 18h35)
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A nova troca de comando na Petrobras, anunciada nesta segunda-feira, 23, foi mal recebida pelo mercado financeiro. As ações da estatal abriram nesta terça-feira em queda na B3. No fechamento do pregão, o papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) caíam 2,92% e as ordinárias (ON, com direito a voto) recuavam 2,85%.

O presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar José Mauro Coelho, no cargo há pouco mais de 40 dias, por Caio Paes de Andrade, secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia. Será o quarto presidente da estatal na gestão Bolsonaro. O presidente quer conter os aumentos de preços de combustíveis, que têm impacto direto na inflação, o que pode se tornar um problema em ano eleitoral.

"Acreditamos que a mudança traz sinais negativos para o mercado, uma vez que simboliza (novamente) o desconforto do acionista majoritário com a forma como a Petrobras vem tocando a sua política de preços", disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Segundo ele, a chegada de Andrade poderá significar a aplicação de política de preços de derivados ainda mais espaçada, abrindo espaço para que vigorem, de forma mais perene, preços defasados frente aos praticados no mercado internacional.

Mas, em termos de políticas de preços, afirma Arbetman, o momento de troca do presidente parece pouco oportuno, visto que a gasolina não tem reajuste há pouco mais de dois meses e pratica preços 20% abaixo da cotação internacional. O analista destacou que o próprio Guedes já sinalizou que o ideal seria a Petrobras ficar 100 dias sem reajuste.

André Vidal, analista da XP, por sua vez, considera a troca negativa e vê um espaço limitado para a mudança na política de preços da estatal. Principalmente, segundo ele, "porque ainda vemos a Lei das Estatais e o estatuto da Petrobras blindando a empresa de subsidiar combustíveis como no passado, independentemente de quem é o CEO".

Já os analistas do Citi, além de avaliarem negativamente o pequeno período de Coelho na gestão, consideram que a "significativa interferência externa na empresa" gera risco em torno da continuidade de sua estratégia de longo prazo.

"Agora, o principal ponto de interrogação é o que pode mudar com o novo presidente. Apesar de vermos a mudança como um sinal negativo, a companhia brasileira ainda possui uma governança corporativa forte e leis que protegem o acionista minoritário contra possíveis intervenções externas", afirmam os analistas Joaquim Alves Atie, Gabriel Barra e Andrés Cardona. / Luísa Laval, Denise Luna e Victoria Netto

Estadão
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