Advogada abandona carreira para vender pão de queijo na rua e fatura R$ 300 mil
Athena Rodrigues ganhava pouco mais de R$ 5 mil como advogada CLT; atualmente, ela fatura R$ 25 mil por mês
Há três anos, se você precisasse dos serviços de um especialista em direito tributário e fosse procurar em Belo Horizonte, Minas Gerais, poderia encontrar em um dos escritórios da cidade Athena Rodrigues, de 34 anos. De família de advogados, a jovem atuou na advocacia por quase dez anos. Em 2020, resolveu abandonar a carreira e um emprego fixo CLT para vender pão de queijo pelas ruas de São Paulo.
Embora não tenha se arrependido da escolha por cursar direito, Athena Rodrigues revela que seus olhos não brilhavam pela a profissão. Mesmo tendo a influência do pai advogado e o apoio da família, a jovem sentia que não conseguia ser criativa em sua carreira. Além disso, conta que ganhava pouco para a quantidade de demanda diária e horas trabalhadas – como advogada Athena tirava pouco mais de R$ 5 mil por mês.
“Eu via que eu não era ruim no direito, pelo contrário, eu até tinha uma boa linha de raciocínio, eu conseguia pensar bem as questões dentro do direito tributário, que era a área que eu trabalhava, só que nunca me senti muito feliz, e não me sentia muito criativa. Tipo, os olhos não brilhavam e eu queria sentir isso. Mesmo sabendo que no direito conseguiria pagar minhas contas, eu via que não era o direito que iria me fazer feliz”, conta a empreendedora, em entrevista ao Terra.
Mesmo não sabendo naquela altura em que área seguir sem ser o direito, Athena Rodrigues lembra que desejava algo que desse muita vontade de fazer. “Sucesso não é só uma questão de ganhar dinheiro. Por isso, eu queria algo que desse vontade de levantar todo dia para fazer. Eu via isso muito nos meus pais. Eu via que eles seguiram carreiras que eles desejavam seguir e que eles eram muito bem sucedidos por causa disso”, diz a empreendedora.
Em 2020, ano pandemia, é que tudo começa a mudar e a ganhar um certo sentido na vida de Athena Rodrigues. Já vivendo em São Paulo ao lado do marido Lucas da Silva, de 32 anos, a mineira teve a ideia de empreender com pão de queijo, iguaria clássica oriunda de Minas Gerais e muito difundida em todo o Brasil. O negócio nasce com investimento de apenas R$ 2 mil.
“Nosso negócio atua em três frentes. A gente tem o atacado, que vende pão de queijo para outras cafeterias, outros empórios. A gente tem o delivery próprio, que é pão de queijo congelado para as pessoas assarem em casa. E a gente tem a loja física, que fica na Edifício Copan, aqui no centro de São Paulo”.
Dona Zelda
Fundada em 2020, a marca Dona Zelda é uma homenagem de Athena para seus avós. “Minha vó foi a pessoa que me ensinou a fazer o pão de queijo. Minha vó chama Zilda. Mas meu avô, que já faleceu, a chamava de Zelda. Então, quando decidimos o nome da marca eu achei que seria uma maneira interessante de homenagear ambos, colocando Zelda”, revela.
Com um faturamento anual de R$ 300 mil, o Dona Zelda trouxe aquele brilho nos olhos que tanto Athena buscava. Em pouco tempo, ela conta que já tinha clientes espalhados em vários bairros da capital paulista: “Os amigos foram comprando e dando pra outras pessoas de presente. E outras pessoas foram também dando pra outras. E na hora que eu vi, a gente já tava com uma grande rede de clientes.”
Um pedaço de Minas em São Paulo
“Não imaginava que o melhor pão de queijo que comeria estaria em São Paulo e não em Minas”. Segundo Athena Rodrigues, este é um dos vários relatos dos clientes que consomem o pão de queijo da Zelda. Com um espaço no edifício Copan, no centro de São Paulo, o local é bastante disputado por paulistas e mineiros.
“Eu nunca pensei que passados apenas três anos tantas coisas incríveis e tantas pessoas maravilhosas eu tive o privilégio de conhecer. Em junho, a gente fez três anos e para comemorar a data mandamos uma cartinha para todos os clientes antigos agradecendo todo o tempo que as pessoas estão com a gente. Essa confiança é muito importante”, destaca.
Conforme Athena, quem visitar o espaço físico da Zelda terá uma experiência única: “A gente tem várias opções de pães recheados, que a gente corta e recheia na hora. E também tem um congeladinho para levar para casa. Na loja a gente tem também bolo, uma opção de biscoito frito, um bolinho de chuva. Coisas que remetem muito a infância e a família.”
“São Paulo tem uma comunidade de pessoas que são apaixonadas por Minas. A gente tem muito cliente paulista que fala: ‘Nossa, eu fui em uma festa em Minas. Mas é tão gostoso. Nossa, eu fui em um feriado. Fui para Tiradentes. Fui pra Belo Horizonte no Carnaval’. Então, tem vários paulistas entusiastas por Minas. Com o Dona Zelda trouxemos um pedaço de Mina para cá”.
Ampliação da marca
Presentes em várias lanchonetes e cafeterias da cidade, Athena Rodrigues acredita que os pães de queijo que produz podem ser comercializados para mais lugares. “Eu quero ampliar a parte do atacado. Como é um produto congelado, pretendo mandar para outros estados, colocar em supermercados. Hoje eu não tenho essa logística para fazer o pão de queijo chegar num valor competitivo em outro estado, mas estamos estudando”.