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Afinal, para onde foram todos os unicórnios? 

A categorização de uma empresa como unicórnio vem sendo muito questionada

9 mai 2024 - 06h10
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Resumo
Startups que comprovarem aumento de receita recorrente receberão aportes valiosos nos próximos anos.
Foto: Adobe Firefly

A criatura fantasiosa que representa a empresa que vale US$ 1 bilhão em valor de mercado continua com uma aparição bastante rara. São pouco mais de 1,2 mil unicórnios em todo o mundo, sendo apenas 45 deles provenientes da América Latina e somente sete do continente africano, de acordo com os últimos reports internacionais.

O nascimento de unicórnios diminuiu expressivamente após o pico em 2021, com o enfrentamento da crise econômica e a alta inflação ao redor do mundo. Os investimentos foram direcionados para mercados mais seguros e consolidados. Os aportes em startups são considerados um dos mais arriscados, devido às incertezas do mercado, do comportamento de consumo e por serem estruturas que precisam validar o produto com erros e acertos, muito sensíveis às oscilações da economia.

Com essa instabilidade financeira, as startups viram o dinheiro proveniente de investimentos diminuir e os fundos sendo mais criteriosos com o cálculo do valuation. Assim, o valor de mercado caiu drasticamente. Algumas companhias até perderam o status de unicórnio após os down rounds.

Como o parâmetro utilizado para a classificação desse tipo de startup é o valor em dólar, é natural que os Estados Unidos liderem o ranking, até mesmo porque é de lá que a moeda vem. Além disso, o país é considerado o mais seguro para investimentos. 

A base é calculada dessa maneira porque não se trata apenas do dinheiro oficial dos Estados Unidos, que é a maior economia do mundo, mas também devido à referência internacional monetária. Ela é utilizada pela grande maioria dos governos como base de suas reservas estrangeiras e negociações de commodities.

Unicórnios questionados

Apesar de ainda representar a grande chancela do mercado, com a validação do sucesso da trajetória da startup, a categorização da empresa como unicórnio vem sendo questionada. Fundos internacionais renomados investiram centenas de milhões de dólares em empresas que pareciam ser a grande aposta do momento, mas estavam com o valuation inflado expressivamente. Ou seja, não valiam tudo o que imaginavam e o desafio era ainda maior do que parecia.

Ao mesmo tempo, tudo indica que o setor aprendeu com os altos e baixos das startups, e o número de investidores-anjos fazendo aportes menores aumentou de forma significativa. Esta elevação aproxima o investidor da realidade do mercado, já que os fundos forçaram as startups a ajustarem seus valuations e abrirem rodadas mais realistas, além de pressionarem as empresas a serem mais cautelosas com seus gastos. 

Com a escassez dos investimentos e a maior dificuldade na conclusão de uma rodada, o dinheiro precisa durar mais tempo. Esse cenário contribuiu para que em 2023 apenas uma startup ganhasse a nomenclatura de unicórnio na América Latina: a fintech brasileira Pismo, comprada pela Visa por US$ 1 bilhão. Mas uma centena de startups já estão na lista de possíveis unicórnios nos próximos dois anos.

A posição do Brasil como a nona maior economia do mundo é muito estratégica para as companhias que buscam escalar sua solução. São 203 milhões de habitantes prontos para consumir um bom produto. Não é à toa que startups europeias e americanas buscam se consolidar no país como estratégia de internacionalização e ganho de escala.

As empresas nascentes que souberem aproveitar a melhoria do cenário econômico mundial, com queda dos juros anunciada pelos principais bancos do mundo, associada a um maior poder de compra da população e à diminuição da inflação, mesmo que discreta, poderão escalar as vendas e trazer resultados mais expressivos para os investidores. Startups que comprovarem aumento de receita recorrente receberão aportes valiosos nos próximos anos.

Por fim, pode-se destacar que os unicórnios não desapareceram do mapa, estão apenas aguardando o momento certo da economia para voltarem a se multiplicar em todo o mundo. Existe, então, uma alta expectativa de crescimento na América Latina, liderado pelo Brasil, pela Colômbia e pelo México, que já possuem o maior número de startups bilionárias.

(*) Rafael Kenji Hamada é médico, CEO da FHE Ventures e da Health Angels Venture Builder, fundos de investimento no formato de venture builder. 

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