Amendoim é resistente à seca e temperatura elevada
Cultura pode ser viável no oeste paulista. Sistema que permite plantio direto na palha, reduz riscos e custos de produção está sendo avaliado na região
Foi realizado no interior de São Paulo, um dia de campo voltado para a cultura do amendoim. O evento reuniu técnicos e pesquisadores de diferentes instituições de pesquisa, empresas do setor produtivo e produtores de diversas regiões do estado.
No dia de campo, realizado numa propriedade rural de Regente Feijó, todos os participantes tiveram acesso às informações mais técnicas e específicas, por meio de pesquisadores, técnicos e profissionais da área ligados a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Unoeste e Unesp.
O público percorreu as quatro estações que foram montadas dentro da lavoura e assistiram palestras sobre cultivares mais propícias do amendoim para a região, a qualidade das sementes, a fertilidade e nutrição desse tipo de cultura, além da técnica em sistema de plantio direto do amendoim.
De acordo o professor Dr. Fábio Rafael Echer, coordenador do Programa de Pós-graduação em Agronomia da Unoeste, foram iniciadas pesquisas sobre viabilidade de produção no oeste paulista, de Marília, passando por Presidente Epitácio até Prudente. O objetivo é reduzir o risco de produção sem ter perda de produtividade e melhorar a comunicação com os produtores rurais.
Na região de Prudente, o amendoim viveu o auge do seu ciclo na década de 1950, mas está de volta no radar dos produtores por conta das condições favoráveis existentes no oeste paulista. É que o solo mais arenoso aqui facilita a colheita, e o amendoim é muito mais resiliente a temperaturas elevadas e tolerante à seca.
"Mesmo quando há um problema climático o amendoim consegue se sair melhor que o milho e a soja, por exemplo. Isso acaba diminuindo o risco do produtor, o risco de produção. Ele consegue, mesmo numa condição mais adversa, ainda a ter renda", explica Echer.
Há 16 anos cultivando amendoim, o produtor Helder Lamberti plantou nesta safra 275 alqueires de amendoim, o equivalente a 665 hectares.
"Busco técnicas e melhorias em todos os sentidos e a pesquisa é o caminho pra isso, abre porteiras para qualquer segmento do agro. É bom porque ajuda a tirar as dúvidas de produtos, de variedades, de tipos de solo, de plantio, para melhorar a cultura, a produtividade e o resultado melhor na cultura", opina o produtor.
O produtor rural de Marília, André R. Trevisan Pontello, cultiva amendoim há 20 anos para o mercado interno. Pela primeira vez, marcou presença no Dia do Amendoim querendo ampliar ainda mais o que ele já sabe sobre a cultura.
"Nosso objetivo é adquirir conhecimento uma vez que o amendoim é o nosso negócio e nosso empreendimento. A gente vem com a ideia de aprender e melhorar cada vez mais nossa produtividade, ter uma melhor colheita, conhecer novos produtos e tecnologias novas pra estar cada vez mais aprimorando nosso negócio", disse.
Foto: Emerson Sanchez
Projeções da safra 2022/2023
Estimativa da Câmara Setorial do Amendoim aponta que o estado de São Paulo deverá produzir nesta safra um milhão de toneladas de amendoim casca em uma área cultivada de 230 mil hectares. Na safra passada foram cultivados cerca de 250 mil hectares no estado.
Segundo o presidente da entidade, Luiz Antônio Vizeu, houve uma diminuição de 15% na área plantada devido a uma série de fatores, sendo o principal deles a queda no preço pago aos produtores em função da guerra da Ucrânia com a Rússia, em 2022.
"Ao todo exportamos 70% da nossa produção, sendo que 50% vai para Rússia e Ucrânia. Entre abril e maio e os preços despencaram, deixando os produtores sem saber muito o que fazer com tanto amendoim. Por outro lado, a China passou a importar muito o óleo de amendoim. Ela duplicou a quantidade de óleo que ela importava normalmente no Brasil, o que acabou consumindo boa parte desse amendoim estocado. Os exportadores também foram deslocando amendoim para outros mercados dentro do possível, e com isso a oferta e demanda voltaram a entrar em equilíbrio, o preço voltou a subir e hoje está num patamar bom para o produtor", comenta Vizeu.
Hoje um saco de amendoim chega a ser comercializado a até 105 reais. No ano passado, o preço não passava dos 50 reais.
Tendência do Clima
No final de janeiro as temperaturas continuam elevadas, na capital paulista e nas demais áreas do estado de São Paulo. Nesta terça-feira, o centro-norte e leste do estado podem ter chuva de moderada a forte, inclusive na Grande São Paulo, no entanto na quarta e na quinta, o tempo fica firme em grande parte do estado, bem como na Região Metropolitana de São Paulo. Mas, as pancadas de chuva voltam a se espalhar pelo estado a partir de sexta-feira (27).
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