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Recorde histórico: Preço do Café Robusta ultrapassa o Arábica

Segundo o Cepea, a última vez que isso aconteceu foi entre outubro de 2016 e janeiro de 2017

4 set 2024 - 23h48
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Conforme o Indicador Cepea/Esalq, o café robusta alcançou um valor histórico. No último dia 30, a saca de 60 kg foi comercializada a R$ 1.483,95, registrando um aumento de 16,73% durante o mês de agosto, marcando um recorde histórico desde o início da série de levantamentos em 2021. O valor da saca do robusta é R$ 35,71 maior comparado ao café arábica, que foi vendido na mesma data por R$ 1.448,24, com um incremento de 2,3% no acumulado do mês.

Para lidar com os preços altos, a indústria está realizando ajustes nos blends de café
Para lidar com os preços altos, a indústria está realizando ajustes nos blends de café
Foto: depositphotos.com / HayDmitriy / Perfil Brasil

No Brasil, segundo especialistas do setor, entrevistados pelo g1, dois terços da produção de café são de café arábica, enquanto o restante é composto por café robusta. Dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba, confirmam essa distribuição.

Esse fenômeno é interessante, pois há mais de sete anos o café robusta não superava o valor do arábica. Segundo o Cepea, a última vez que isso aconteceu foi entre outubro de 2016 e janeiro de 2017. Naquele período, a maior diferença de preços foi de R$ 20, registrada no dia 3 de janeiro de 2017. Hoje, o robusta nunca esteve tão caro em relação ao arábica.

Quais são os indicadores?

Para entender melhor os valores, é importante conhecer os indicadores utilizados. O Indicador do Café Arábica Cepea/Esalq refere-se a sacas de 60 quilos, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, com valor descontado o Prazo de Pagamento pela taxa CDI, posto na cidade de São Paulo. Já o Indicador do Café Robusta Cepea/Esalq refere-se a sacas de 60 quilos, à vista, tipo 6, com peneira 13 acima, apresentando 86 defeitos, valor descontado o Prazo de Pagamento pela taxa CDI, a retirar na origem, no Espírito Santo.

Como está o mercado interno de consumo de café?

De acordo com Renato Garcia Ribeiro, pesquisador responsável pela área de café no Cepea, tanto o café arábica quanto o robusta são utilizados nas misturas para consumo interno. "O café que nós consumimos diariamente, que passamos no coador de papel, é um blend de café arábica e robusta. No Brasil, dois terços da produção é de café arábica e um terço de robusta", afirma Ribeiro.

O Brasil é o maior produtor mundial da soma das variedades arábica e robusta, além de ser o maior produtor exclusivamente de arábica. Já o Vietnã é o maior produtor de robusta. Ambos os países têm enfrentado problemas climáticos, impactando a produção. No Vietnã, a quebra de safra é causada principalmente pelo calor e falta de chuvas, enquanto o Brasil já registra dificuldades há algumas safras consecutivas.

Por que o preço do café robusta sempre foi menor?

Tradicionalmente, o café robusta tem um preço menor comparado ao arábica. Isso se deve ao uso predominante do robusta em blends e na produção de café solúvel, que possuem um valor agregado menor. Contudo, a restrição de oferta, especialmente devido à produção impactada no Vietnã, provocou um aumento nos preços do café robusta no mercado internacional.

Problemas logísticos globais e o aumento nos custos de transporte também afetaram os preços. "O envio de café do Vietnã para a Europa, por exemplo, foi encarecido, aumentando a exportação do robusta brasileiro que geralmente é consumido no mercado interno," explica Ribeiro.

E como a indústria reage aos aumentos de preços?

Para lidar com os preços altos, a indústria está realizando ajustes nos blends de café. Contudo, há um limite para isso, pois modificar demais a proporção de arábica e robusta pode alterar significativamente o sabor do café. Se os preços continuarem aumentando, é possível que essas variações sejam repassadas ao consumidor final.

Além dos fatores econômicos, o clima tem sido um grande influenciador no valor do café. No dia 21 de agosto, o Inmet emitiu alertas de perigo para onda de calor e baixa umidade do ar em várias regiões, agravando a situação. Outro aviso de perigo foi emitido agora no início de setembro, inclusive para Piracicaba e região, confirmando a tendência de clima seco e quente.

Perfil Brasil
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