Agrogalaxy anuncia negociação para venda de carteira de dívidas de R$ 760 milhões
Companhia tem dívidas de R$ 4,6 bilhões e registrou prejuízo líquido de R$ 1,58 bilhão no terceiro trimestre de 2024
A AgroGalaxy, em recuperação judicial desde setembro de 2024, informou nesta terça-feira, 21, por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que assinou um memorando de entendimentos para a venda de uma carteira de dívidas de clientes. A negociação envolve aproximadamente R$ 760 milhões em valores vencidos, mas que ainda não foram levados à Justiça. A empresa destacou que a operação está em fase inicial e depende de auditoria, autorização judicial e aprovação de terceiros.
A venda, segundo a companhia, faz parte da estratégia de recuperação financeira. "Operações de cessão de crédito são usuais às empresas em processo de recuperação judicial. O objetivo é otimizar a recuperação econômica e fortalecer a estrutura de capital", disse o diretor financeiro e de relações com investidores, Luiz Conrado Sundfeld, no documento.
Ontem, a empresa já havia anunciado medidas para reforçar a liquidez, como a retomada do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) Terra Magna, suspenso desde o início do processo de recuperação judicial. O fundo permite que a AgroGalaxy antecipe recursos com base em títulos emitidos por produtores rurais, como a Cédula de Produto Rural (CPR). O diretor financeiro destacou que a reativação do FIDC deve impulsionar as vendas a prazo, especialmente para a safrinha de milho de 2025.
Além disso, a companhia vem ajustando sua estrutura para enfrentar um cenário financeiro desafiador, com dívidas de R$ 4,6 bilhões e prejuízo líquido ajustado de R$ 1,58 bilhão no terceiro trimestre de 2024 - um aumento de quase 18 vezes em relação ao mesmo período de 2023. Entre as ações já adotadas estão o fechamento de metade das lojas e a redução de 40% do quadro de funcionários, com foco em melhorar a eficiência operacional.
A venda da carteira de dívidas de R$ 760 milhões é mais um passo para gerar caixa no curto prazo e retomar a estabilidade financeira. Ontem, o CEO Eron Martins afirmou ao Broadcast Agro que a entrada desses recursos é crucial para normalizar as operações e negociar melhores condições com fornecedores. "O caixa na mão é uma munição adicional para continuarmos operando e ampliando nossa presença no mercado", disse.
O plano de recuperação da AgroGalaxy também busca atrair a confiança de credores e parceiros. Conforme o apresentado aos credores em dezembro, grandes fornecedores terão prazos de até 13 anos para receber, enquanto pequenos produtores e trabalhadores têm condições mais ágeis e vantajosas. Para garantir a continuidade das operações, a empresa prioriza manter relações comerciais com fornecedores e produtores rurais, que já voltaram a entregar grãos em suas unidades no Sul do País.