Air France-KLM prepara terreno para batalha pela TAP, após acordo com SAS
A decisão da Air France-KLM de adquirir uma participação na companhia aérea escandinava SAS oferece uma amostra de sua abordagem potencial para a próxima grande batalha de aquisição de companhias aéreas na Europa: a luta para ressuscitar a portuguesa TAP.
O governo de Portugal disse na quinta-feira passada que planeja vender pelo menos 51% da participação na estatal TAP, depois que o gabinete aprovou a estrutura legal para o processo de privatização da companhia aérea.
As companhias aéreas nacionais da Europa têm enfrentado dificuldades para competir com as companhias aéreas de baixo custo, como a Ryanair e a Wizz Air, então grupos maiores, como a Lufthansa, a Air France-KLM e a IAG, entraram em cena para renová-las e salvá-las.
O acordo de terça-feira com a SAS, que viu a empresa de investimentos norte-americana Castlelake e a Air France-KLM entrarem como novos acionistas majoritários ao lado do Estado dinamarquês, foi outra mudança há muito esperada para uma das empresas mais antigas da Europa.
A Air France-KLM está assumindo apenas uma participação de 19,9% na SAS e pode ter influência limitada na reformulação da companhia aérea, que tem enfrentado dificuldades com a fragmentação em seus hubs dinamarquês e sueco.
Ainda assim, essa abordagem de manter certa distância pode ser atraente para a TAP. A Air France-KLM tende a permitir que as companhias aéreas nas quais investe mantenham suas operações e marcas.
A alemã Lufthansa e a anglo-espanhola IAG, outros prováveis concorrentes na batalha pela TAP, são conhecidas por fazer reestruturações mais profundas nas companhias aéreas que adquirem, simplificando as práticas comerciais e a marca.
"Dependerá das promessas que a Air France-KLM fizer para manter a marca viva, separada e manter as operações e conexões em Portugal", disse James Halstead, analista de aviação.
Os analistas afirmam que o acordo com a SAS é um sucesso para a Air France-KLM, uma vez que a empresa retirou uma companhia aérea da esfera de influência da Lufthansa no norte da Europa e do grupo de companhias aéreas Star Alliance.
Agora, a empresa está tentando repetir o sucesso, tirando outro membro da Star Alliance da Lufthansa com a TAP, mas enfrentando um preço mais alto e uma concorrência acirrada.
A Air France-KLM reiterou seu forte interesse pela TAP na quinta-feira, acrescentando que a compra de uma participação na SAS não afetou sua capacidade de participar da privatização da companhia portuguesa.
O governo de Portugal está empenhado em encontrar um parceiro que lhe permita salvar sua companhia aérea, que está em dificuldades, sem perder sua marca, seus centros de conexões locais e sua identidade nacional portuguesa.
Segundo analistas e investidores, uma abordagem mais discreta poderia ser o bilhete de ouro para explorar as lucrativas conexões sul-americanas da TAP.
"Tudo ainda está em um estágio muito, muito inicial", disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
"O trabalho efetivo para entender quais companhias aéreas estão realmente interessadas, o real apetite do mercado e as estratégias dos diferentes participantes ainda não começou."