Amaro renegocia dívida e tenta vender parte do negócio
A varejista de moda diz estar em negociações com potenciais investidores para reforçar sua base de capital; Marisa, Tok&Stok e Americanas também passam por dificuldades financeiras neste começo de ano
A loja on-line Amaro entrou nesta quinta-feira (2) em processo de renegociação de dívidas, como fizeram Marisa e Tok&Stok neste começo de ano. A alta na taxa de juros e o maior rigor na oferta de crédito em virtude do caso Americanas motivaram o processo, que tem à frente a Alvarez & Marsal. A Amaro busca ainda sócios para adquirir parte do negócio e, assim, melhorar sua situação financeira.
Interlocutores do mercado acreditavam que a companhia iria direto para uma recuperação judicial, mas ainda tenta acordos com credores fora da Justiça. "A empresa reforça ainda seu posicionamento como ecossistema de lifestyle no mercado premium, focado em moda, beleza e casa", afirma, em nota.
A companhia adota um modelo de vendas baseado no comércio eletrônico, apesar de também ter lojas físicas no País, nas quais os consumidores podem provar as peças de roupa antes de comprá-las.
As lojas físicas têm computadores para mostrar o estoque e também para fazer as vezes dos atendentes do caixa. Ou seja, as transações podem ser feitas on-line.
Criada em 2012, a companhia foi uma das primeiras do segmento de moda a promover esse tipo de integração do comércio físico com o digital. Porém, assim como outras empresas de tecnologia brasileiras, a Amaro foi afetada pela alta taxa de juros e a piora no consumo, devido à baixa liquidez do mercado - medida para conter o avanço da inflação no País.
A empresa já foi considerada um ativo valioso para redes de moda listadas na bolsa. No entanto, o valor da companhia era tido como alto, o que acabou afastando possíveis compradores.
Na visão de Artur de Almeida Losnak, contribuidor do TC, o setor varejista passa por um momento de retração que tem criado condições para a renegociação de dívidas ou inadimplência. "O varejo sempre teve margens mais apertadas. Recebeu muito dinheiro para crescer e, com juros mais altos, o dinheiro fácil que existia antes não existe mais. Agora, estamos em um momento de ressaca", afirma.