Âmbar avalia possibilidade de assumir controle da Amazonas Energia, dizem fontes
A Âmbar Energia, empresa do conglomerado J&F, está avaliando a possibilidade de assumir o controle da distribuidora de energia elétrica do Amazonas, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.
Essa hipótese foi sinalizada na compra do portfólio de usinas termelétricas da Eletrobras anunciada nesta segunda-feira, em um acordo de 4,7 bilhões de reais por ativos de mais de 2 GW. A Amazonas Energia é a principal contraparte de contratação da energia gerada pelos empreendimentos recém-adquiridos pela empresa da J&F, grupo dos irmãos Batista, donos também da JBS, entre outras companhias de diversos segmentos.
O arranjo do negócio prevê que, na hipótese de uma operação de transferência do controle da Amazonas Energia, conforme cogitado pelo Ministério de Minas e Energia, a Eletrobras cederá para a Âmbar a totalidade dos créditos que detém relativos a contratos correntes e de confissão de dívidas da Amazonas, de quase 10 bilhões de reais.
Em contrapartida, a Eletrobras terá uma opção de compra, "possibilitando a captura do benefício econômico fruto da recuperação operacional e financeira da distribuidora".
Pelo acordo anunciado, a Âmbar também assumirá pagamentos relativos ao fornecimento mensal de energia devidos à Eletrobras pela Amazonas Energia. A concessionária amazonense havia parado de realizar esses pagamentos em novembro do ano passado.
Segundo uma fonte próxima da Âmbar, a empresa não vê a distribuição de energia como um setor estratégico para sua atuação, mas estaria disposta a investir na Amazonas Energia como forma de melhorar o negócio de geração das usinas.
Além da Âmbar, outros investidores chegaram a avaliar potencial compra do controle da Amazonas no passado, mas a avaliação nos bastidores é de que nenhuma proposta se viabiliza se não houver mudanças do contrato de concessão, que não dá conta da complexidade de operação na região.
Esse diagnóstico já foi chancelado pelo governo, depois de a agência reguladora Aneel ter recomendado caducidade do contrato da Amazonas ao negar um plano de transferência de controle para um grupo investidor.
Procurada, a Âmbar não comentou. Não foi possível falar imediatamente com representante da Amazonas Energia.
A Amazonas Energia foi privatizada em 2018, quando a Eletrobras ainda era estatal, e desde então sua nova controladora, a Oliveira Energia, não conseguiu melhorar a situação econômico-financeira da distribuidora.
A concessionária amazonense corre risco de caducidade da concessão. O Ministério de Minas e Energia vem avaliando alternativas para viabilizar a distribuidora, principalmente por meio da uma troca de controlador.
"O maior ativo de uma distribuidora é o tempo, período de outorga, a Amazonas tem uma concessão praticamente zerada... Com o desenho adequado, com um contrato que faz sentido, por que não transformar em um bom negócio? Esse é o olhar", disse uma fonte próxima à Amazonas.
A Âmbar vêm crescendo rapidamente seus negócios no país, tendo comprado recentemente usinas da Engie, da Copel e da própria Eletrobras em operação fechada no ano passado.
Com a adição de mais 2 gigawatts (GW) de termelétricas da Eletrobras, a empresa praticamente dobrou o tamanho de seu portfólio, alcançando 4,6 GW, e ampliou sua atuação geográfica para dois novos Estados, Amazonas e Rio de Janeiro.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista também vêm ampliando seus negócios em energia por meio da Fluxus, empresa de óleo e gás fundada no ano passado. Na semana passada, a empresa concluiu a aquisição da Pluspetrol Bolívia, que possui três campos na Bacia Tarija-Chaco e está em fase final de transição operacional para operar o campo Centenario em Neuquén, na Argentina.