Americanas: conheça os executivos que davam as cartas na época do rombo
Trio de acionistas de referência se pronunciou na noite deste domingo, 22, dizendo que a companhia era liderada por ótimos líderes
A Americanas mantém um corpo executivo "enxuto", com lideranças que trabalham na varejista há muitos anos. Há casos de pessoas que começaram como estagiárias e chegaram ao topo da hierarquia da empresa ao longo dos anos.
Após a fusão do varejo físico e digital em 2021, com a união das Lojas Americanas com a B2W (que inclui Americanas.com, Submarino e Shoptime), Marcio Cruz deixou de ser CEO para tornar-se presidente de digital da Americanas. O posto de liderança executiva permaneceu com Miguel Gutierrez, que deixou o cargo no fim de 2022, dando lugar a Sergio Rial, egresso do Santander.
Na noite deste domingo, 22, os principais acionistas da Americanas Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, conhecidos como o "trio mágico" do capitalismo brasileiro devido ao sucesso da Ambev, enviaram à imprensa uma carta aberta na qual dizem não ter conhecimento sobre as inconsistências contábeis reportadas por Rial, que levaram a varejista a pedir recuperação judicial com uma dívida de R$ 43 bilhões.
O trio de acionistas disse que também foi afetado pelas perdas bilionárias de valor de mercado da Americanas, que caiu mais de 80%. Lemann, Sicupira e Telles afirmaram na nota que a varejista, auditada pela PwC, "é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada".
A crise na Americanas começou com a renúncia do CEO Sergio Rial (ex-Santander) no dia 11 de janeiro, apenas dez dias depois de assumir o cargo. Quando anunciou sua saída da empresa, Sergio Rial emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, reportando um rombo avaliado inicialmente em R$ 20 bilhões. A varejista entrou com um pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela Justiça. Na justificativa para a entrada do pedido, a empresa disse estar determinada a apurar "eventuais irregularidades".
"Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade. Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto", diz a carta.
Conheça, a seguir, quem dava as cartas na diretoria da Americanas nos últimos anos.
Miguel Gutierrez
Miguel Gutierrez, 61, é engenheiro e ocupou o cargo de diretor superintendente da Lojas Americanas desde 2001. Ingressou na varejista em 1993 e teve passagem por diferentes áreas, incluindo operações, financeira e logística.
Em 1998, assumiu como diretor estatuário. Dos 30 anos que passou na Americanas, foi o CEO durante 20. Ele era o principal homem de confiança de Beto Sicupira no negócio. O ponto final na trajetória de Gutierrez na empresa veio com o fim do ano de 2022.
Discreto, Gutierrez quase nunca concedia entrevistas enquanto estava à frente da Americanas. Sequer tem presença nas redes sociais. Até o momento, o executivo não se pronunciou sobre a crise financeira da Americanas.
Anna Saicali
Na empresa desde 1997, Anna Saicali não só é CEO da AME Digital, a carteira digital da Americanas, como também mantinha contato frequente com os sócios da varejista.
Saicali é formada em artes plásticas e em finanças corporativas. Durante sua trajetória na empresa, atuou em recursos humanos e tecnologia. Foi diretora presidente da B2W de 2004 a 2018, posteriormente assumindo a presidência do conselho administrativo da empresa até 2021.
João Guerra
Assumiu como CEO interino até 2024 após a renúncia abrupta de Sergio Rial. Atuava na Americanas nas áreas de tecnologia e recursos humanos. Antes de ser apontado como novo presidente, era diretor de RH.
Guerra será a liderança executiva máxima da Americanas até o ano que vem, quando haverá uma reunião do Conselho de Administração subsequente à Assembleia Geral Ordinária. Desde a saída de Rial, Guerra assumiu também a função de Diretor de Relações com Investidores. Essa atividade era responsabilidade André Covre, que deixou a varejista junto com Rial.
Timotheo Barros
Timotheo Barros é vice-presidente de lojas físicas, logística e tecnologia. Ingressou na empresa em 1996, como trainee. Sua atuação envolve a relação com fornecedores, lojistas terceirizados, entregadores e gestão de estoque. Discreto, raramente concedia entrevistas.
Marcio Cruz
Marcio Cruz foi o presidente da B2W de 2018 até 2021, ano em que a empresa fez a fusão com a Americanas. Atua desde então como CEO de digital da Americanas. Cruz dava mais as caras em conversas com a imprensa, na maioria dos casos, falando sobre os avanços do comércio eletrônico da empresa.
Sergio Rial
Ex-CEO que reportou as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões em 11 de janeiro. CEO do Santander de 2016 a 2021, e membro do conselho do Banco até este começo de ano, o executivo também integra o Conselho da Vibra. Rial disse que auxiliará os acionistas de referência na investigação do caso do rombo bilionário na varejista.
André Covre
André Covre assumiu como novo diretor financeiro e de relações com investidores em 1º de janeiro de 2023 e deixou a Americanas junto com Rial. O executivo fez sua carreira, em grande parte, no Grupo Ultra como diretor financeiro e de relações com investidores. Covre fez movimentos estratégicos importantes para fortalecer a competitividade do grupo.