Análise: Gestão petista muda política de Temer que colocou a Petrobras de volta aos trilhos
Jogada no centro das falcatruas investigadas na Lava Jato, estatal acumulou R$ 56,4 bilhões de prejuízo no final do governo Dilma
Quando o ex-presidente Michel Temer assumiu o governo, com o impeachment de Dilma Rousseff, consertar a Petrobras era um dos principais desafios. Jogada no centro das falcatruas investigadas na Operação Lava Jato, a empresa vinha de dois gigantescos prejuízos: R$ 21,6 bilhões em 2014 e R$ 34,8 bilhões em 2015.
No governo Temer, a presidência da empresa foi entregue a Pedro Parente, com larga experiência tanto no poder público (foi ministro do Planejamento, da Casa Civil e de Minas e Energia no governo Fernando Henrique Cardoso) quanto no setor privado (foi presidente da Bunge Brasil). Na gestão de Parente foi gestada a política de reajuste dos preços dos combustíveis da estatal, batizada de Preço de Paridade de Importação (PPI).
Basicamente, essa política, implantada em julho de 2017, previa o estabelecimento dos preços baseado no mercado internacional - incluindo, além da própria cotação do petróleo, custos como frete, custos internos de transportes e taxas portuárias -, mais uma margem para cobrir riscos operacionais, entre os quais a volatilidade da taxa de câmbio e margem de lucro. As variações de preços poderiam ser, com isso, até diárias.
Questionamentos
A política da Petrobras já vinha sendo questionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, quando os altos preços dos combustíveis, por conta principalmente da disparada do petróleo com a guerra na Ucrânia, começaram a lhe custar popularidade. Não à toa, Bolsonaro mudou a direção da estatal várias vezes.
Na nova gestão Lula, mudar essa política passou a ser questão de honra. Há tempos o presidente fala em "abrasileirar" os preços, ou seja, atrelá-los não só às cotações internacionais, mas também a fatores domésticos.
Na divulgação da nova política de preços, feita na manhã desta terça-feira, 16, por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não fica claro como isso vai funcionar. Mas fica sempre o temor de que a gestão petista, de novo, leve em conta questões político-ideológicas na hora de definir os preços, e que a empresa volte a passar pelas turbulências que a levaram aos prejuízos gigantescos da era Lava Jato.