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Antes de ser privatizado, Porto de Santos quer ser 'verde' para atender ESG

Maior porto da América Latina traçou planos para reforçar sua agenda de sustentabilidade, como oferecer uma redução da tarifa de utilização da infraestrutura para navios que emitem menos poluentes

7 ago 2021 - 03h31
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BRASÍLIA - Com previsão de ser privatizado em 2022, o Porto de Santos traçou planos para reforçar a agenda de sustentabilidade no complexo portuário, o maior da América Latina. Os projetos vêm no embalo da inclusão da Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o porto, na Rede Brasil do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada a compromissos ESG (sigla em inglês para os aspectos ambiental, social e governança).

Em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, em que revela a recente aprovação para integrar a lista da ONU, o presidente da SPA, Fernando Biral, antecipou medidas que a empresa colocará em prática, seja nos próximos meses ou durante a concessão das atividades do porto. "Nós fizemos a lição de casa, então agora precisamos ter uma agenda mais ambiciosa", disse Biral, que citou ações pela água, clima, contra a corrupção e de comunicação e engajamento.

As iniciativas estarão previstas na revisão do planejamento estratégico 2021-2025 da companhia, que deve ser aprovado até o fim de agosto pelo Conselho de Administração. Uma delas tem como objetivo incentivar a descarbonização das embarcações. Isso será feito por meio de uma redução da tarifa de utilização da infraestrutura portuária para navios "verdes", que emitem menos poluentes.

A proposta já foi encaminhada para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). "Todo navio que tiver um combustível mais limpo, ele vai ter um desconto na tarifa", disse Biral, no comando da SPA desde o ano passado.

Outra medida avaliada pela companhia é a eletrificação do cais do porto. Diferente do benefício tarifário, a ação será implantada mais a longo prazo e, por isso, deverá ser conduzida pela empresa que arrematar a concessão dos serviços de administração do porto na privatização. A iniciativa possibilita que os navios desliguem os motores movidos a óleo enquanto estiverem atracados, para usufruir da eletricidade que será oferecida pelo porto. Como consequência, menos combustível é queimado, com redução na emissão dos poluentes.

"No porto, o navio fica parado, mas também fica queimando óleo, e o que queremos fazer é disponibilizar infraestrutura elétrica para que, em vez de queimar esse óleo, ele possa se plugar na rede elétrica", afirmou Biral. Segundo ele, os portos da Califórnia já usam dessa prática. A ideia inicial é de que a obrigação de eletrificação esteja prevista no contrato da concessionária que operar o porto.

O presidente da SPA reconhece que, para a mudança ser usufruída pelas embarcações, há um custo, já que o uso do cais eletrificado demanda uma reforma nos navios. Mas essas inovações fazem parte de um movimento em curso no mundo todo, que exige a redução da intensidade de carbono no transporte marítimo. Recentemente, a Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu novas medidas obrigatórias para que os navios diminuam a emissão de gases poluentes.

"A IMO aprovou uma melhoria no combustível, que tende a emitir menos gases de efeito estufa, e essa ação de eletrificação do cais é outra iniciativa para reduzir ainda mais esse tipo de emissão", disse o gerente de Sustentabilidade da SPA, Bruno Takano.

Nesse sentido, a estatal também planeja fazer um inventário de gases de efeito estufa, que servirá para medir com precisão em quanto está a emissão desses poluentes no local do porto. Segundo Takano, para a realização do inventário, a companhia está em estágio final de contratação e a previsão é de que, a partir do próximo ano, os estudos sejam iniciados. Além dessa iniciativa, o porto fará uma avaliação dos riscos das mudanças climáticas nas operações portuárias.

Biral afirmou que a privatização não vai alterar os planos da empresa de reforçar a agenda ESG. "Tudo que estamos planejando, permanece", disse ele, para quem essas ações aumentam o valor da companhia na desestatização. "Ações ESG sempre agregam valor para empresa. Então a adesão ao pacto traz reconhecimento para nós. Teremos grandes contatos com outras empresas, poderemos trazer boas medidas adotadas por elas e aplicar nos nossos negócios", reforçou o gerente de Sustentabilidade da companhia.

Agendas em andamento

O presidente da SPA ressaltou que a estatal já vinha investindo nessa agenda de sustentabilidade, postura que possibilitou a entrada no Pacto Global. A adesão, segundo a companhia, atesta que a SPA está alinhada aos princípios da iniciativa, que envolvem ações nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. "É hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 16 mil membros, entre empresas e organizações, distribuídos em 69 redes locais, que abrangem 160 países", segundo a ONU.

Entre as medidas ESG já encaminhadas pela companhia está um programa de monitoramento da água. Agora, a SPA também prevê para o Plano Estratégico a inserção de campanhas de fomento e a busca por soluções tecnológicas que contribuam para a limpeza dos mares.

Biral também afirma que houve um avanço significativo na governança da administração do porto, que no passado foi palco de escândalos de corrupção. Em 2018, a Polícia Federal chegou a prender o então presidente da companhia durante a Operação Tritão, que apurou suspeitas de fraude em licitação e corrupção em contratos da estatal de R$ 37 milhões.

No primeiro trimestre de 2021, o Porto de Santos praticamente dobrou o lucro líquido diante do aumento da receita e da redução de custos no período. De janeiro a março, a autoridade portuária reportou um resultado líquido de R$ 70,7 milhões, aumento de 93,1% sobre igual período de 2020.

Estadão
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