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Aos 62 anos, mineiro usa blockchain pra ‘curar’ máquinas

Tecnologia que combina criptografia com inteligência artificial está em implementação pela primeira vez no Brasil

9 ago 2022 - 02h00
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Armando Marsarioli
Armando Marsarioli
Foto: Divulgação

Uma tese de mestrado do pesquisador Armando Marsarioli, 62, levou a ICRO Group, empresa tradicional no fornecimento de manutenção para a indústria brasileira, a criar a primeira tecnologia que combina blockchain e inteligência artificial para “curar” equipamentos antes que eles quebrem, causem mal funcionamentos ou até acidentes.

Depois de quatro décadas no mercado de manutenção, Armando voltou à faculdade com um objetivo: combinar a experiência que adquiriu durante sua carreira com inovações ainda distantes do setor industrial.

Batizado de Neuron, o sistema pode manter um parque industrial em atividade plena por até 95% de seu tempo, um aumento que ― a depender do setor e das condições dos equipamentos ― pode chegar a até 30% de ganhos. A ferramenta pode ser utilizada em máquinas de todo o tipo, e já está em implementação em empresas voltadas para o agronegócio, como usinas de cana-de-açúcar, parques navais e até em mineradoras.

A distância entre a academia e a indústria

Foi nos estudos na Unicamp que Marsarioli chegou à base desta tecnologia, ainda em 2020. Mas precisava transformar a teoria em prática, e foi quando a ICRO Group abraçou o projeto, que foi transferido para a incubadora de empreendedorismo da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), em Minas Gerais. 

No campus Santa Clara, criou-se um grupo multidisciplinar que combinou doutores, mestres e graduandos de diversas áreas (desde TI a engenharias de produção) focado em desenvolver a ferramenta dentro da ICRO Digital, braço da empresa-mãe voltado especificamente para inovação.

“Decidi que iria pesquisar em uma área que pudesse ter aplicação prática por ter visto o distanciamento entre academia e indústria durante meus anos de carreira. Já tinha contato com a ICRO por conta da atuação da companhia em manutenção preditiva. E a pesquisa deu um salto, porque passamos a desenvolver o Neuron a partir de problemas reais da indústria”, explica Marsarioli.

Os problemas aos quais ele se refere são diversos, como a dificuldade em identificar com antecedência riscos de quebra de máquinas ― o que pode prejudicar a produtividade e até parar um parque industrial inteiro por dias ou semanas. Há também equipamentos instalados em áreas de difícil acesso, como em tubulações e bombas de pressão subterrâneas. Além da falta de mão de obra especializada disponível para fazer este tipo de aferição com a frequência necessária.

Com o Neuron, todo maquinário pode ser preparado com sensores que acionam outros sistemas da empresa para dar um diagnóstico e indicar se algum equipamento precisa de reparo, qual é a peça que pode dar defeito e quais são os fornecedores que devem ser chamados para realizar a intervenção preditiva.

Para isso, é preciso que a ferramenta conheça profundamente o parque industrial em que está sendo implementada. “Um dos desafios que enfrentamos foi a resistência de empresas abrirem dados sensíveis sobre seus parques industriais para os diagnósticos, etapa fundamental para embasar os resultados do uso do Neuron”, lembra Armando.

Foi então que o blockchain entrou em cena. Antes uma inspiração teórica para a pesquisa, Armando viu que seria possível implementar as etapas de diagnóstico e análise preditiva por meio de bloco de dados criptografados que se comunicassem de forma sigilosa.

Um caminho com grande potencial

Armando ressalta que ainda há um trabalho intenso a ser feito para que as empresas consigam organizar suas cadeias de acionamento e tratamento de dados coletados durante suas manutenções. Mas que este é um caminho de grande potencial para aumentar a competitividade da indústria brasileira.

“Em média, os parques industriais brasileiros possuem 18 anos de funcionamento. Ou seja, são máquinas mais antigas do que as de países mais desenvolvidos. Com o uso constante, é comum cair o desempenho e aumentar a incidência de reparos. O Neuron vem para otimizar este processo, permitir que os reparos aconteçam antes que o equipamento precise ser interditado para manutenção. É um passo importante para modernizar nossa indústria”, afirma o pesquisador.

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