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Apaixonados por cédulas e moedas antigas têm coleções avaliadas em até R$ 100 mil 

Colecionadores contam que deixaram de comer e até arrumaram confusão em casa por causa do hobby

18 abr 2023 - 07h17
(atualizado às 08h20)
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Colecionadores de dinheiro antigo têm raridades como essa cédula de 500 cruzeiros, com a evolução étnica brasileira e cartas geográficas históricas
Colecionadores de dinheiro antigo têm raridades como essa cédula de 500 cruzeiros, com a evolução étnica brasileira e cartas geográficas históricas
Foto: Arquivo pessoal

Foi herdando do pai uma pequena coleção de cédulas antigas que o aposentado Alfredo Brandão, de 68 anos, pegou o gosto pela coisa. Desde então, ele coleciona o que puder desde o Cruzeiro, moeda emitida em 1942, até os dias de hoje. "Eu usei muito o Cruzeiro para comprar bala quando era criança, e daí fui colecionando", conta Alfredo, em conversa com o Terra.

"Eu fui guardando uma nota de cada valor - 1 Cruzeiro, dois Cruzeiros, cinco Cruzeiros, por aí vai - e completei elas. Mas não parou por aí. Comecei a pesquisar e vi que as cédulas não se esgotam no valor. Tem cédulas com assinaturas diferentes de ministros da Fazenda da época, de presidente do Banco Central da ocasião. Muda a assinatura, muda a cédula, aí que o negócio engrossa", ri o aposentado, que faz parte dos entusiastas da numismática, ciência que estuda as cédulas e moedas.

Coleção da primeira cédula de Cruzeiro, emitida em 1944
Coleção da primeira cédula de Cruzeiro, emitida em 1944
Foto: Arquivo pessoal

Nas pastas de sua coleção, estão registrados períodos de caos econômico que o Brasil viveu, como nos anos de 1980, por exemplo. "Vivíamos uma inflação galopante. O dinheiro mudou muito. Era Cruzeiro, daí veio Cruzado, Cruzado Novo, voltou o Cruzeiro, veio o Cruzeiro Real, e só depois, nos anos 1990, veio a estabilização com o Real", conta.

Outra raridade da coleção de Alfredo: quando da implantação do Cruzeiro, em 1942, foram aproveitadas as cédulas de Réis, com aposição de carimbo de Cruzeiro
Outra raridade da coleção de Alfredo: quando da implantação do Cruzeiro, em 1942, foram aproveitadas as cédulas de Réis, com aposição de carimbo de Cruzeiro
Foto: Arquivo pessoal

Apesar dos anos colecionando cédulas antigas, faltam ainda oito cédulas para completar sua coleção de Cruzeiro. "A mais barata custa R$ 13 mil", conta. "Acho que vai ficar para algum herdeiro meu completar." 

"A verdade é que você nunca está satisfeito. Você encontra uma nota rara, e já quer outra. É como um vício, que é bom quando você tem condições financeiras de usufruir disso", conta o aposentado, que prevê que sua coleção seja avaliada entre R$ 20 a R$ 30 mil. 

Além de cédulas e moedas antigas, Alfredo também coleciona fichas antigas de telefone e chaveiro. "Eu sempre colecionei chaveiros, daí acredita que minha esposa também tinha uma coleção assim? Quando casamos a gente juntou nossos chaveiros também".

Fique atento ao seu dinheiro

O aposentado conta ainda que cédulas ou moedas com defeitos podem valer muito dinheiro - então é sempre bom guardar e consultar um especialista. "Em 2012, por exemplo, o Banco Central emitiu moedas de 50 centavos sem o 0. Foi um erro. Na época, o BC pediu que os brasileiros devolvessem a moeda, mas quem guardou está bem, porque hoje está valendo mais de mil reais", detalha.

Moeda de 50 centavos impressa errada hoje vale mais de mil reais
Moeda de 50 centavos impressa errada hoje vale mais de mil reais
Foto: Arquivo pessoal

"Por isso, toda cédula ou moeda que eu pego eu analiso para ver se não é rara. Quem não sabe disso, acaba passando um dinheiro muito mais valioso do que parece", completa o aposentado 

Deixou de comer e arrumou confusão em casa 

Foi uma simples cédula de um Guarani, dinheiro do Paraguai, que Luiz Seleguini, de 61 anos, soube que foi picado pelo bichinho dos colecionadores. O dinheiro, que pertencia ao avô, rapidamente se multiplicou em uma coleção que, segundo o aposentado, não vale menos do que R$ 100 mil.

A coleção de Luiz tem itens raros, como uma antiga cédula de 500 Réis, da época do Brasil Império
A coleção de Luiz tem itens raros, como uma antiga cédula de 500 Réis, da época do Brasil Império
Foto: Arquivo pessoal

A paixão por cédulas e moedas trouxe impactos até na vida de Luiz. "Quando tinha uns sete para oito anos, eu ficava sem lanche na escola porque eu usava meu dinheiro para comprar o dinheiro dos meus colegas. Troquei muito lanche por moedas antigas, viu?", diz em conversa com a reportagem. 

Ainda criança, Luiz começou a trabalhar de engraxate, e outra situação dessa ocorreu. "Eu vi meu pai pegando uma nota novinha de 100 Cruzeiros e gastando em uma vendinha. Eu fiquei com aquela nota na cabeça. Daí eu peguei meu dinheiro, disse para minha mãe que eu compraria doce, e comprei aquela cédula na vendinha. Minha mãe acabou descobrindo e ficou brava. Eu tenho essa cédula até hoje." 

Nota que Luiz comprou ao invés de doces
Nota que Luiz comprou ao invés de doces
Foto: Arquivo pessoal

Já mais velho e casado, Luiz quase fez sua coleção virar uma briga feia dentro de casa. Morador de Americana (SP), ele viajou até São Paulo para fazer compras para sua esposa. A ideia era pegar algumas roupas no bairro do Brás. "Mas lá eu conheci um homem que tinha cédulas de Réis, a moeda da época do Brasil Império. Eu dei tudo o que eu tinha e peguei o dinheiro para mim. Fiquei sem comer e tive que voltar para casa de trem, que era mais barato", detalha.

O colecionador adquiriu cédulas antigas em uma loja do Brás
O colecionador adquiriu cédulas antigas em uma loja do Brás
Foto: Arquivo pessoal

"Chegando em casa, minha mulher ficou furiosa comigo, porque não comprei o que ela tinha me pedido. Vou te falar, a mulher ficou uma semana sem falar comigo", diverte-se. "E tudo por causa de uma nota de um Guarani, que ganhei quando era criança, e me fascinou para sempre."

Fonte: Redação Terra
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