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Apesar de recomendar 'imposto do pecado' para carro elétrico, Alckmin diz que carga não vai aumentar

Vice-presidente afirma que IPI de elétricos pode ser reduzido com programa Mover; ministério chefiado por ele, porém, defendeu inclusão desses veículos no Imposto Seletivo da reforma tributária

27 jun 2024 - 15h40
(atualizado às 15h46)
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BRASÍLIA - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira, 27, que os veículos elétricos não terão aumento de carga tributária, após o governo federal ter sancionado o projeto de lei que cria o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover).

Em coletiva de imprensa no Palácio do Itamaraty, Alckmin afirmou que os veículos elétricos poderão ter o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido. "Eu ouvi que o IPI verde aumentaria o tributo sobre carro elétrico. Não existe isso. É até o contrário. Os veículos elétricos poderão ter até uma redução do IPI. Então, não há essa história que eu li no jornal de que veículo elétrico pode ter a carga tributária aumentada", declarou.

Sancionado nesta quinta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Mover, programa de estímulo ao setor automotivo, prevê uma "tributação verde" na cobrança do IPI, por meio de um sistema de recompensa, a partir de indicadores que considerem a fonte de energia, o consumo, a potência do motor, a reciclabilidade e o desempenho. Quanto melhor a pontuação, menor a alíquota do IPI.

A regulamentação do IPI verde, porém, ainda não foi publicada.

'Os veículos elétricos poderão ter até uma redução do IPI', diz Alckmin.
'Os veículos elétricos poderão ter até uma redução do IPI', diz Alckmin.
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

'Imposto do pecado'

Como revelou o Estadão, porém, a pasta chefiada pelo vice-presidente defendeu que os carros 100% elétricos, movidos exclusivamente a bateria, também sejam tributados pelo Imposto Seletivo, no âmbito da reforma tributária. Também chamado de "imposto do pecado", o tributo vai incidir sobre os itens considerados nocivos à sapude e ao meio ambiente.

A proposta de regulamentação da reforma tributária, em tramitação na Câmara dos Deputados, já prevê a incidência do Seletivo sobre os automóveis a combustão e híbridos. Os critérios ambientais do Mover foram importados para o Seletivo, que também terá uma gradação na alíquota, segundo os mesmos quesitos do prograna.

O pedido da inclusão dos elétricos foi formalizado pelo ministério nesta segunda-feira, 24, ao grupo de trabalho formado por deputados encarregados de elaborar um relatório até o início do mês que vem.

"O governo federal não define a tecnologia dominante; ele precifica nas suas políticas e, agora no Seletivo, as externalidades positivas e negativas, de modo que solicitamos a inclusão dos veículos elétricos", afirmou na segunda-feira Margarete Gandini, que é diretora do departamento de Indústria de Média-Alta Complexidade do ministério, em audiência na Câmara.

Apesar de os carros elétricos não emitirem gás carbônico, a representante de Alckmin no debate argumentou, no entanto, que é preciso levar em conta a bateria, hoje fabricada principalmente na China com fontes poluentes de energia.

Ao Estadão, o secretário-executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, afirmou que o objetivo do governo é induzir a fabricação de automóveis menos poluentes, tendo como efeito colateral positivo a atração de indústrias para o Brasil.

"Por ser elétrico, esse carro em si não é o instrumento único para a descarbonização. Temos que levar em conta as etapas fabris, a fabricação da bateria, o descarte da bateria etc. E aí vamos dosando na gradação dos bônus e malus (que levarão à pontuação para a formação da alíquota do Seletivo)", dissea Rosa.

Estadão
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