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Após ataque a Bolsonaro, Bolsa tem alta de 1,76%

Episódio com candidato do PSL fez dólar acelerar queda e recuar 1,40%, a R$ 4,08

6 set 2018 - 10h59
(atualizado às 20h56)
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Um movimento especulativo desencadeado após a notícia do ataque ao candidato do PSL à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) em Minas Gerais fez o Índice Bovespa disparar na última hora de negociação do pregão desta quinta-feira, 6. O índice, que vinha oscilando em alta moderada, chegou a subir mais de 1.000 pontos em um curto espaço de tempo e fechou em alta de 1,76%, aos 76.416 pontos. Já o dólar à vista fechou em baixa de 1,40%, a R$ 4,08.

A moeda americana renovou mínimas perto do fechamento, com a leitura do mercado de que o episódio deve ter desdobramentos, podendo enfraquecer a esquerda nas eleições. No início do dia, após a divulgação de pesquisa eleitoral Ibope/Estadão/TV Globo, o dólar oscilou entre pequenas altas e baixas no mercado doméstico, em meio ao tom de cautela dos investidores antes do feriado prolongado de hoje, com a divulgação dos dados mensais de emprego da economia norte-americana. Além disso, na semana que vem Datafolha divulga pesquisa de intenção de voto e, no domingo, haverá um novo debate entre os presidenciáveis promovido pelo Grupo Estado e a TV Gazeta.

O operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, destaca que o dólar engatou queda no começo da tarde acompanhando a perda de fôlego da moeda no exterior, mas sem se desligar das eleições. Após o episódio envolvendo Bolsonaro, a moeda acelerou as perdas e bateu mínimas. O diretor de uma gestora avalia que o ataque pode fortalecer o militar, que vai ganhar mais exposição na imprensa e nas redes sociais, ao mesmo tempo que pode enfraquecer a esquerda, principalmente Ciro Gomes (PDT) - o que mais cresceu na última pesquisa - e o PT.

Mesmo com a queda de hoje, o dólar acumulou alta de 0,49% na semana. O Banco Central ficou de fora do mercado nos últimos quatro dias, fazendo apenas o leilão de rolagem de contratos de swap. No ano, porém, a moeda americana segue em alta forte, de 23%, a terceira maior entre as moedas de emergentes, atrás apenas da Argentina (107%) e Turquia (72%).

Efeito político

O movimento brusco na Bolsa pegou profissionais do mercado de surpresa e operadores citaram indícios de um movimento de "manada", no qual investidores ingressam na onda compradora mesmo sem grande convicção dos desdobramentos da notícia recém-chegada. Em meio ao clima especulativo, foram diversas as teorias para explicar a disparada. O enfraquecimento da esquerda foi um dos pontos mais citados pelos analistas. Já uma predileção do mercado pelo candidato do PSL, no entanto, dividiu opiniões.

"É cedo para sabermos quais serão os desdobramentos desse episódio e que repercussão ele terá. O fato ajuda ou prejudica Bolsonaro? Ele seguirá na campanha ou terá de se afastar? São questões que estão em aberto e não faz sentido a Bolsa ter subido tanto", disse Shin Lai, estrategista da Upside Investor.

Para Lucas Claro, analista da Ativa Investimentos, a reação positiva do mercado de ações pode refletir a percepção de enfraquecimento de Fernando Haddad, potencial candidato do PT, no lugar do ex-presidente Lula. "O mercado tem preferência por um candidato alinhado à agenda reformista, mas também mostra que prefere tudo, menos o PT. Nesse cenário, Ciro Gomes continua como uma possível segunda força", afirmou.

Quanto a Bolsonaro, as especulações giraram em torno do fortalecimento da candidatura dele até o afastamento do presidenciável da campanha, que poderia abrir espaço no segundo turno para mais um nome. À medida que o noticiário avançava, as especulações se intensificaram e levaram o Ibovespa futuro a entrar em leilão, ao subir mais de 4% nos minutos finais.

A alta do Ibovespa foi generalizada, tendo como destaque as blue chips do setor financeiro e de commodities. Vale ON subiu 2,55%, Itaú Unibanco PN avançou 2,53% e Petrobrás PN, 1,82%.

Estadão
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