Após declarações de Lula, Ucraniana Antonov suspende discussão para investimento no Brasil, diz governo de SP
Empresa ucraniana decidiu interromper as negociações "diante das últimas declarações do governo federal", informa nota de secretaria
A fabricante ucraniana de aviões Antonov desistiu de discutir eventuais investimentos no Brasil citando como justificativa comentários recentes feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre responsabilidades pela guerra entre Rússia e Ucrânia, afirmou o governo de São Paulo, interessado no projeto.
A Secretaria de Negócios Internacionais do Estado de São Paulo divulgou comunicado nesta quarta-feira afirmando que representantes da Antonov Company decidiram suspender as negociações "diante das últimas declarações do governo federal".
A secretaria afirmou que recebeu em 11 de abril Oleksandr Nykonenko e Victor Avdeyev, conselheiro e vice-presidente da Antonov Company, respectivamente, "sobre interesse da estatal ucraniana em desenvolver atividades no Brasil, em especial no Estado de São Paulo".
Durante visita a Abu Dhabi, há 10 dias, Lula afirmou que o governo ucraniano é um dos responsáveis pela guerra e criticou Estados Unidos e a Europa por apoiarem com armas a Ucrânia, repetindo comentários que tem feito ao longo dos últimos meses. A declaração gerou protestos internacionais e foi seguida por um convite da Ucrânia para que Lula viaje ao país para "compreender as reais razões" da guerra.
Diante da repercussão negativa, Lula fez novas declarações procurando reforçar a condenação da invasão russa. Em seu primeiro discurso durante a visita à Espanha, na quinta-feira, o presidente disse que "não se pode aceitar que um país invada a integridade territorial de outro", em uma crítica direta aos russos.
Procurados, representantes do governo federal não comentaram o assunto de imediato. Não foi possível entrar em contato com a Antonov Company.