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Após rusga com Marinho, Guedes vai a churrasco no Alvorada

Troca de acusações na sexta-feira expôs mais uma das divergências no governo em torno do Renda Cidadã

3 out 2020 - 17h31
(atualizado às 17h43)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um dos convidados para um churrasco promovido neste sábado, 3, pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, segundo confirmou sua assessoria de imprensa. O encontro acontece um dia depois da briga pública entre Guedes e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. De acordo com a assessoria de Marinho, ele foi convidado para o almoço, mas permaneceu em São Paulo.

Ministro Paulo Guedes e seu então secretário especial de Previdência, Rogério Marinho --hoje ministro de Desenvolvimento Regional--, participam de audiência pública no Congresso
08/05/2019
REUTERS/Adriano Machado
Ministro Paulo Guedes e seu então secretário especial de Previdência, Rogério Marinho --hoje ministro de Desenvolvimento Regional--, participam de audiência pública no Congresso 08/05/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

A troca de acusações na sexta-feira expôs mais uma das divergências no governo em torno do Renda Cidadã, o programa social que o presidente Jair Bolsonaro quer criar depois do fim do auxílio emergencial concedido durante a pandemia da covid-19. A tensão aumentou no governo e há expectativa de que o presidente Bolsonaro se posicione em relação à disputa em entre os seus dois ministros.

Ex-auxiliar de Guedes, Marinho é hoje um dos ministros mais próximos de Bolsonaro e está à frente de parte da política de investimentos públicos.

Como antecipou o Broadcast/Estadão, a declaração de Marinho para economistas do mercado financeiro de que o programa Renda Cidadã sairá de "qualquer jeito" foi mal recebida por Guedes. Depois da piora do mercado com as declarações, o ministro da Economia subiu o tom.

Pela importância estratégica do Renda Cidadã, Marinho disse em um call fechado da Ativa Investimentos que é preciso encontrar uma forma de viabilizá-lo, ainda que isso signifique flexibilizar o teto de gastos, regra constitucional que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. "A gente está tentando fazer da melhor forma possível. Estamos tentando manter o teto, mas há pressão para flexibilização", teria dito o ministro. Marinho relatou no encontro a insatisfação do relator da proposta, senador Márcio Bittar (MDB-AC), com a crítica de Guedes ao uso de parte do dinheiro do precatórios para o Renda Cidadã. Marinho disse que a ideia foi de Guedes.

Depois da fala, o titular da Economia voltou a chamar Marinho de traidor e deu um alerta à ala política do governo. "Se a doença vier (numa segunda onda), vamos furar teto. Mas não vamos furar o teto para fazer política", avisou. "Não acredito que Marinho falou mal de mim. Se falou mal, isso mostra que ele, em primeiro lugar, é despreparado, além de desleal e fura teto", afirmou.

Como revelou o Broadcast/Estadão, Bittar (MDB-AC), tem buscado ampliar sua rede de "conselheiros" e se consultou inclusive com Rogério Marinho, que defendeu tirar o novo programa do teto. Isso depois de ter tido divergências com a Economia sobre como financiar o Renda.

O churrasco deste sábado no Alvorada teve a presença ainda dos ministros do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes.

Estadão
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