App do Bradesco ou Itaú vai acabar? Entenda a polêmica fala de Campos Neto
Presidente do Banco Central disse que Open Finance deve acabar com a necessidade de os usuários terem aplicativos de bancos
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou recentemente em um evento organizado por estudantes brasileiros, em Chicago, nos Estados Unidos, que os aplicativos de bancos – tais como Bradesco e Itaú – devem acabar em um futuro próximo, com o avanço do Open Finance, sistema que permite o compartilhamento de informações financeiras dos clientes.
Segundo o presidente do BC, o benefício do compartilhamento de dados bancários entre instituições fará com que, em até dois anos, os usuários não tenham a necessidade de terem aplicativos de diferentes bancos brasileiros. Campos Neto revelou que os clientes usarão um app agregador que vai dar acesso a todas as contas.
Sobre essa novidade, o Terra consultou dois especialistas para saber se a fala de Campos Neto deve ser interpretada como uma opinião mais ampla, baseada na convicção do presidente, ou se existe de fato um caminho viável – traçado pela autoridade monetária – que indique que os aplicativos dos bancos estão com os dias contados.
“Realmente o nosso sistema financeiro vem evoluindo. O Pix foi uma demonstração da velocidade com a qual o nosso sistema se adaptou à nova realidade. No entanto, em relação a ter um único app talvez a gente tenha algumas dificuldades [para implementação], embora as vantagens sejam muito grandes”, disse o professor da FIA Business School, José Carlos de Souza Filho.
Conforme o professor, embora para o cliente ter um único app de banco seja muito bom porque torna as coisas mais fáceis de serem acessadas – com as operações mais personalizadas e também com um maior controle –, existem alguns entraves que podem impossibilitar essa mudança no curto prazo, como previu Roberto Campos Neto.
“Existem ainda alguns desafios importantes para superar. O primeiro seria uma integração de todos os canais digitais. Depois teria que adequar tudo isso à Lei Geral de Proteção de Dados, que acho que é um entrave bastante grande. Então talvez seja difícil uma padronização a ponto de 100% do mercado aderir em dois anos. No longo prazo talvez”, acrescenta Souza Filho.
Bruno Martucci, Head de Produtos da provedora de tecnologia para emissão de cartões Pomelo, também acha ainda muito cedo para falar que no futuro próximo não existirá os aplicativos de bancos. Ele pontua que os apps já oferecem uma boa experiência, com serviços claros, de qualidade e seguros para os clientes.
“É muito cedo pra falar que no futuro não existirá aplicativo de banco, até porque os bancos investiram muito em segurança, em prevenção à fraude e a lavagem de dinheiro. Será que a experiência dentro de um aplicativo com muitas funções vai ser boa? Será que esse super aplicativo vai conseguir garantir a segurança? Isso é um ponto muito sensível, muito delicado, dada a realidade brasileira”, comenta.