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As sanções econômicas podem ter impacto na Rússia?

21 mar 2014 - 19h54
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Os EUA e a União Europeia impuseram sanções econômicas a Moscou por conta da anexação da Crimeia, levando à queda na Bolsa de Valores russa e no valor do rublo. Além disso, duas agências de classificação de risco rebaixaram a nota de crédito da Rússia e suas perspectivas de crescimento para o ano.

Mas as sanções funcionarão?

Um estudo de longo prazo publicado em 2007 pelo Instituto Petersen, em Washington, afirma que sanções econômicas são parcialmente bem-sucedidas apenas um terço das vezes.

Dos 174 casos examinados pela pesquisa desde a Primeira Guerra Mundial, tiveram mais êxito os que tinham objetivos mais modestos, como a libertação de prisioneiros políticos. Em casos assim, houve sucesso em 50% das vezes.

Mas quando o objetivo era mais ambicioso, como uma significativa mudança política de um país, a taxa de sucesso caía para 30%.

Por exemplo, as sanções econômicas impostas pelos EUA a Cuba desde os anos 1960 são em geral vistas como um fracasso, já que o embargo prejudica os padrões de vida dos cubanos sem trazer mudanças de fato no regime do país.

Caso iraniano

Mas um caso mais recente, o das sanções contra o Irã - que incluiu restrições à exportação de petróleo e bloqueios a contas bancárias internacionais -, foi um fator importante para levar os iranianos à mesa de negociação com o Ocidente e a aceitar um grau de inspeção externa em seu programa nuclear.

A economia iraniana foi duramente afetada pelas sanções impostas em 2012. O PIB do país caiu quase 6% no ano passado, e a inflação chegou a dois dígitos, alcançando uma média de 39%.

As sanções impostas à Rússia devem congelar ativos e impor restrições às viagens de importantes aliados de Putin. Moscou retaliou com sanções semelhantes.

A questão ainda a ser respondida é se haverá sanções econômicas de maior escala contra os russos.

Alguns investidores não estão esperando para ver. A agência de rating S&P estima que US$ 60 bilhões tenham sido tirados do país desde o início do ano - praticamente o equivalente ao que deixou o país em todo o ano passado.

Efeitos

Mas um outro problema relacionado às sanções econômicas é que muitas vezes elas têm efeitos negativos também sobre quem as impôs.

De volta ao caso iraniano, os preços do petróleo subiram após o embargo de 2012, alcançando US$ 110 o barril.

Isso forçou refinarias europeias, que importam cerca de meio milhão de barris ao dia, a buscar alternativas.

E, considerando que a Rússia é a maior fornecedora de energia à Europa e uma das três maiores produtoras de combustível do mundo, as consequências econômicas das sanções não devem ficar limitadas ao país.

Os indicativos até agora são de que haverá uma escalada nas sanções assinadas pelo presidente americano Barack Obama.

E, na tarde desta sexta-feira, a União Europeia anunciou mais restrições, a 12 pessoas envolvidas com a anexação russa da Crimeia.

Tanto EUA quanto a Europa ficarão na expectativa de que essas sanções estejam entre a média de 30% casos bem-sucedidos.

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