Ata do Copom prevê taxa Selic a 14,25% a partir da próxima reunião, em março
A última vez em que a taxa básica de juros esteve neste patamar foi em outubro de 2016
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve aumentar a taxa Selic em mais um ponto percentual em sua próxima reunião, que acontecerá em março. Isso é o que diz a ata da última reunião do grupo, ocorrida na semana passada, que ajustou a taxa básica de juros para 13,25%. Com isso, a expectativa é que a Selic alcance os 14,25%.
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A última vez em que a Selic esteve nesse patamar foi em outubro de 2016. Naquela ocasião, a taxa básica de juros passou mais de um ano nesse percentual, tendo sido alçada a 14,25% ainda em julho de 2015.
Segundo o documento, o aumento no próximo mês deverá ocorrer caso o "cenário adverso para a convergência da inflação" se mantenha.
"O Comitê avaliou que os determinantes de prazo mais curto, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os determinantes de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, seguem exigindo uma política monetária mais contracionista", diz trecho da ata da reunião de 29 de janeiro deste ano.
O Copom cita ainda a elevação das expectativas de inflação para 2025 e 2026, pelo boletim Focus da semana da reunião. O mercado espera que a inflação termine este ano em 5,5% e o próximo em 4,2%. O valor está distante da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo.
A ata também menciona o cenário externo como "desafiador", principalmente levando em conta incertezas com relação à política econômica nos Estados Unidos.
"Há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, introdução de tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes", considera o documento.
Essa reunião foi a primeira a ter Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central. Ele foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, durante a gestão anterior, caiu em muitos embates com o então presidente, Roberto Campos Neto, sobre a taxa de juros.
Além de Galípolo, participaram da reunião os seguintes membros do Copom: Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.