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Aura Minerals vê preços do ouro em trajetória de alta e mantém ciclo de investimentos e aquisições

Cotação foi a US$ 2.950 por onça-troy neste mês, puxada por cenário de incertezas com Trump, fortalecimento de reservas em Bancos Centrais e corrida de investidores por metal físico

27 fev 2025 - 10h15
(atualizado em 3/3/2025 às 12h07)
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Os preços do ouro começaram 2025 em ritmo de alta, caminhando para superar a marca de US$ 3.000 a onça-troy (31,1 gramas), depois da escalada da cotação vista no ano passado. Há uma dose de efeito das medidas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos eleito em novembro, mas só isso não explica a resiliência do valor do metal precioso, um ativo de refúgio em momentos de incertezas geopolíticas e principalmente de turbulência global.

"No mundo, países e investidores estão buscando outras reservas de valor que não somente o dólar", afirma Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals, única mineradora de ouro com ações na Bolsa brasileira, a B3. Diante da trajetória de alta dos preços do ouro, a empresa planeja manter seu ciclo de investimentos e aquisições.

O executivo informa que os Bancos Centrais de vários países, como China, Índia e Turquia, têm mantido seu ritmo de compras do metal para ampliar suas reservas, conforme informações divulgadas no mercado. Isso ajuda a sustentar os preços.

Neste mês, o metal atingiu cotação de US$ 2.950 a onça-troy no mercado internacional. No ano passado, a média foi de US$ 2.400, considerada ótima. Segundo Barbosa, relatórios de bancos que acompanham esse mercado projetam para 2025 preços entre US$ 3.100 e US$ 3.500.

Um fato inusitado, relata o executivo, ocorreu nas últimas semanas: uma corrida, sem precedentes no setor, para garantir ouro físico. "Cofres de bancos em Londres ficaram vazios, com transporte de lotes do metal principalmente para os EUA e China", disse. Um fator, entre tantos, é o aumento das tarifas sobre produtos em geral, inclusive ouro, anunciado por Trump, levando investidores a antecipar posições de compra.

Com a mina de Borborema mais a de Matupá — que juntas vão adicionar cerca da 150 mil onças por ano —, a mineradora projeta alcançar produção anual de 450 mil onças. "Essa foi uma meta traçada que está a caminho de se tornar efetiva. Depois disso, o foco é atingir 600 mil onças/ano, o que nos coloca no mapa de visibilidade dos produtores de ouro no mundo", afirma o CEO.

No portfólio da empresa são quatro minas em operação (sendo uma de cobre), um projeto em construção (Borborema), outro em desenvolvimento (Matupá) e um de cobre em fase de pesquisa (Serra da Estrela). Este último, na região de Carajás, no Pará, é de cobre e ouro e está na fase de pesquisa mineral para dimensionar o tamanho da jazida. Essa etapa levará dois anos.

Investimentos na prospecção é uma fase importante na Aura em seu plano de crescimento, assim como aproveitar oportunidades de aquisições, como Serra da Estrela e áreas próximas de Matupá, na região de Alta Floresta (MT). A mineradora adquiriu, no ano passado, e está incorporando no mesmo projeto as áreas de Pé Quente e Pezão. A empresa tem investido US$ 22 milhões em prospecção de novas reservas por ano.

Cerro Blanco e o sonho de 1 milhão de onças

Fruto de outra aquisição, por US$ 59 milhões, o projeto de Cerro Blanco, na Guatemala, traz à Aura perspectivas de um salto relevante no tamanho da mineradora. O negócio foi fechado em outubro com a mineradora Bluestone Resources. "É um projeto de classe mundial, que agrega reservas à Aura da ordem de 3 milhões de onças (equivalente a 93 toneladas)", afirma Barbosa.

O projeto é parrudo. Se a opção for por uma produção em lavra a céu aberto, o investimento ainda estimado pela Bluestone é próximo de US$ 600 milhões. A Aura vai fazer refinamento dos estudos para ter uma avaliação final do valor a ser investido. Por esse modelo, é um projeto para até dez anos de vida útil, com um teor de ouro para cada tonelada de minério de 2,5 gramas. A maioria das minas no mundo tem 0,6 grama por tonelada.

Se a rota de produção indicada pelo estudo for de mina subterrânea, o investimento é menor, pois a extração do metal precioso será concentrada em veios minerais. Nesse caso, o teor médio estimado pelos atuais estudos é de 8 gramas por tonelada, com reserva lavrável é de 1 milhão de onças (31 toneladas).

O fato é que a mineradora canadense conduzida pelo executivo brasileiro poderá somar à sua produção, em alguns anos, 350 mil onças por ano de Cerro Blanco se a extração do metal do subsolo for pela rota a céu aberto ("open pit"). Dessa forma, vai praticamente dobrar o tamanho da Aura e ficará mais próxima do sonho de ser uma produtora de 1 milhão de onças do metal precioso por ano.

Barbosa informa que a Aura está fazendo atualização dos estudos de viabilidade e sua expectativa em começar a construção da mina em até um ano e meio. Daí para frente seriam, no mínimo, mais 24 meses de obras de instalação da nova mina. "São reservas relevantes, e o custo cash total de produção por onça é abaixo da nossa média de US$ 1.320?, afirma.

Balanço financeiro reluzente

Em um ano de alta consistente da cotação do ouro no mercado internacional, a Aura apresentou aos seus investidores os resultados operacionais e financeiros de 2024. "Volume de produção, receita líquida, Ebitda e geração de caixa foram todos recordes", disse o executivo.

A expectativa para 2025, com atual nível da cotação e a nova mina que entra em operação, não será diferente, avalia o CEO. Neste ano, a projeção de volume vai do piso do volume do ano passado a 300 mil onças, com a entrada de Borborema e potenciais ganhos nas outras minas.

Em 2024, a produção da Aura somou 267 mil onças de ouro, aumento de 13% sobre o desempenho de 2023, levando a uma receita líquida de US$ 594 milhões, que foi 42% maior que o valor do exercício anterior. No quarto trimestre, o lucro líquido ajustado da companhia (sem os efeitos contábeis) foi de US$ 24,6 milhões e no ano fechou em US$ 81,5 milhões (alta de 39%).

"Em 2024, fizemos os investimentos em Borborema e fizemos aquisições e temos uma alavancagem financeira de apenas 0,7 vez na relação da dívida líquida (US$ 188 milhões) com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização)", destaca Barbosa. Ele informa que a Aura vai pagar dividendo referente ao quarto trimestre de US$ 0,25 por ação (total de US$ 18,3 milhões). No ano, o retorno é de 7,5% ao investidor, considerando recompra de ações. Nos últimos 12 meses, alcança 9,2%, acrescenta.

Conforme o balanço da mineradora, seu Ebitda do ano somou US$ 267 milhões, praticamente o dobro na comparação com 2023, impulsionado pelo preço médio de US$ 2.400 do metal aliado à alta de produção. A companhia encerrou 2024 com caixa de US$ 270 milhões, quase 20% superior à do fim de 2023.

A empresa, diz Barbosa, está entre as maiores pagadoras de dividendos no setor. Isso, no entanto, não se reflete num valor de mercado que considera mais justo da empresa. A Aura, hoje, vale US$ 1,16 bilhão (o correspondente a R$ 6,65 bilhões). "O valor de mercado das mineradoras de ouro não subiu no mesmo ritmo da cotação do metal. Ne caso da Aura, ainda é ação é muito descontada."

Estadão
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