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Auren foca contratos de energia mais curtos para crescer após incorporar Cesp, diz CEO

28 mar 2022 - 18h13
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A Auren, nova geradora de energia que estreia na bolsa nesta segunda-feira, pretende usar sua comercializadora para viabilizar os quase 2.000 megawatts (MW) de projetos que tem em carteira, apostando em contratos mais curtos para crescer.

Controlada pelo grupo Votorantim e o canadense CPP Investments, com 69,80% do capital social total, a Auren foca também na aquisições de ativos já operacionais de geração e transmissão para avançar no setor elétrico brasileiro, disseram à Reuters executivos da companhia.

A geradora concluiu nesta segunda-feira sua listagem no Novo Mercado da B3, após um processo de combinação dos ativos de energia dos dois maiores sócios e a incorporação da Cesp, que deixou de ter ações negociadas na bolsa. A ação da Auren terminou em alta de 1,9%.

A empresa nasceu com 2.900 MW em capacidade instalada operacional em usinas hidrelétricas e eólicas, sendo que mais 400 MW estão em construção e devem iniciar operações até o fim deste ano.

Já a carteira de projetos para desenvolvimento soma 1.900 MW. Segundo o CEO da Auren, Fabio Zanfelice, são principalmente projetos da fonte solar e que devem ter sua energia vendida em contratos com prazos mais curtos pela comercializadora do grupo, uma das maiores do país.

"Já temos uma comercializadora bastante relevante, com volume, que pode suportar esses projetos 'greenfield'. Não descartamos fazer contratos de longo prazo, mas vemos nos contratos de curto prazo, de três a quatro anos, uma forma de maximizar o resultado dos projetos", disse Zanfelice.

Ainda de acordo com ele, a companhia poderá participar de leilões de energia do mercado regulado --ainda que sua estratégia esteja mais voltada ao ambiente livre-- e também estuda aquisições, tanto em geração quanto em transmissão de energia.

Zanfelice destaca que o principal mandato da Auren é a geração de energia, mas diz ver a transmissão como um segmento complementar e que pode ser um "fit estratégico", desde que traga retornos adequados.

"Quando olhamos (transmissão), sempre buscamos como alternativa adquirir projetos já em operação para justamente constituir esse braço e depois começar a competir em projetos 'greenfield'".

Na fase de estruturação, a empresa recebeu um aporte de 1,5 bilhão de reais do CPP Investments, uma quantia que lhe dá "poder de fogo" para partir para essas aquisições, disse o executivo.

PASSIVO CONTENCIOSO

Além das alternativas de crescimento, a Auren também se concentrará na redução do passivo contencioso herdado da Cesp, um trabalho que a administração considera outra avenida de criação de valor para a companhia.

Desde que foi privatizada pelo governo paulista, em 2018, a Cesp vem trabalhando na diminuição dos seus passivos, concentrado principalmente em ações cíveis.

A soma desse contencioso chegou a 8,4 bilhões de reais ao final do ano passado, uma redução de 3 bilhões de reais ante 2020 com o andamento de várias ações judiciais, disse Mario Bertoncini, vice-presidente financeiro e de novos negócios da Auren, e ex-CEO da Cesp.

"A primeira pergunta quando assumimos a Cesp foi 'Vocês vão crescer?', e a resposta era 'Temos um passivo contencioso, a cada 1 real que eu aplicar para resolver esse problema vou ter um retorno muito maior que qualquer outro ativo que comprar no setor", afirmou Zanfelice.

"Não é a maior capacidade financeira (da Auren) que vai acelerar os processos, é muito mais a qualidade e o timing", acrescentou.

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