Auxiliares de Bolsonaro celebram 'basta' às ideias de Guedes
Nesta terça-feira ele disse em vídeo que acabaram as discussões no governo sobre o Renda Brasil
O vídeo do presidente Jair Bolsonaro interditando a discussão do Renda Brasil e ameaçando com "cartão vermelho" quem porventura vier a propor medidas como o congelamento de aposentadorias e pensão foi comemorado no Palácio do Planalto. Auxiliares do presidente gostaram do "basta" presidencial ao que consideram uma prática comum, que é a antecipação de medidas sem o aval de Bolsonaro.
O presidente publicou no Facebook um vídeo suspendendo o Renda Brasil até o fim do seu mandato e com críticas duras às propostas apresentadas pela sua equipe.
Com cópias de matéria do Estadão e de outros jornais nas mãos, o presidente mostrou no vídeo grande irritação, mas não chamou de "fake news" (notícias falsas) os textos, como costuma fazer quando é contrariado por reportagens incômodas ao governo e repercussão negativa nas redes sociais.
O Estadão apurou que a irritação maior do presidente é com a equipe do Ministério da Economia e nem tanto com o ministro Paulo Guedes.
O movimento do presidente de acabar com o Renda Brasil, segundo técnicos, expõe mais uma vez a enorme dificuldade do governo de encontrar espaço no Orçamento sem ferir de morte o teto de gasto, a regra constitucional que impede o crescimento dos gastos acima da inflação, sem mexer em outros programas e atacar em privilégios.
O compromisso de manter o teto foi assumido em manifesto público no Palácio da Alvorada. Para isso, precisará enfrentar temas espinhosos como o abono salarial e outros programas mal formulados, cujas mudanças foram descartadas pelo próprio presidente. Há dificuldade de o presidente entender que, com o teto, não basta aumentar a receita para viabilizar um programa social mais robusto.
As principais críticas no Planalto são de que a Economia age sem acertar os ponteiros com os demais órgãos e ministérios, muitas vezes contrariando a determinação política do presidente e orientação jurídica do governo.
Dessa vez, as declarações com detalhes sobre o congelamento dos benefícios partiu do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, que em entrevista ao site G1 deu apoio ao congelamento dos benefícios previdenciários por dois anos e mudanças no seguro-desemprego.
O assunto, porém, já vinha sendo discutido com ala política e lideranças do governo que, inclusive, haviam acenado com a possibilidade de a medida passar "em nome de mais" recursos para os mais vulneráveis do Renda Brasil. O tema da desindexação (retirar a obrigatoriedade de dar reajustes) do salário mínimo era frequente desde o início do governo.