Balança comercial de 2013 fecha com pior resultado desde 2000
O saldo da balança comercial brasileira (diferença entre exportações e importações) de 2013 ficou positivo em US$ 2,561 bilhões, uma queda de 86,8% em relação a 2012. O resultado é o pior desde 2000, quando a balança apresentou déficit de US$ 731 milhões. As informações foram divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Midc) neste primeiro dia útil do ano.
De janeiro a dezembro, o total de exportações foi de US$ 242 bilhões, uma redução de apenas 1% em relação ao ano anterior. As importações, no entanto, subiram 6,5%, para US$ 239 bilhões.
De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Mdic, Daniel Godinho, o aumento das importações frentes às exportações já eram esperados. Um dos motivos, segundo ele, são o volume dos investimentos, que seguem tendência de alta e demandam mais bens importados.
“Sempre buscamos saldo comercial o mais elevado possível. Mas são incompatíveis com a forte retomada dos investimentos”, afirmou. “Com essa forte retomada de investimentos, teremos números cada vez mais expressivos para as importações”, projetou.
O resultado foi consolidado a partir do fechamento da última semana de dezembro. O último mês de 2013 teve saldo comercial positivo em US$ 2,654 bilhões, isto é, 18,3% superior ao mesmo período de 2012, que registrou superávit de US$ 2,243 bilhões.
Os destaques negativos nas exportações de 2013 foram os produtos básicos e semimanufaturados, com retração de 1,2% (para US$ 113 bi) e 8,3% (para US$ 30,5 bi), respectivamente. Em contrapartida, os manufaturados apresentaram aumento de 1,8% nas exportações, somando US$93 bilhões.
Dentro dos manufaturados, as maiores quedas foram de óleo de soja em bruto (-35%), semimanufaturados de ferro/aço (-30%), ferro fundido (-21,5%), dentre outros. Já nos itens básicos, as maiores quedas de receita nas exportações foram de algodão em bruto (-47,8%), petróleo em bruto (36,7%), café em grão (-20,5%), dentre outros itens.
Do lado das importações, houve alta significativa em combustíveis e lubrificantes (+13,8%), matérias-primas e intermediários (+5,8%), bens de capital (+5,4%) e bens de consumo (+3,2%).
Projeções da balança comercial para 2014
O governo também já projeta cenários para o ano de 2014, identificando aspectos positivos para a balança comercial ao longo do ano, bem como os principais desafios a serem enfrentados. A expectativa é do governo é que o dólar suba a níveis acima dos registrados em 2013, facilitando as exportações.
Além do chamado “câmbio mais favorável”, que significa não só real mais desvalorizado, mas também cotação do dólar estável, o Mdic vislumbra ainda aumento na produção de petróleo e crescimento da safra brasileira de grãos para o período 2013/2014.
Por outro lado, vilões que podem ameaçar uma retomada da balança são a acomodação dos preços das commodities agrícolas a patamares inferiores aos de 2013. O mercado internacional aparece também como o principal desafio. O governo vê um cenário de incerteza sobre o nível de recuperação das economias americana e da zona do euro e também faz uma leitura de tendência de menor crescimento da economia chinesa – principal parceiro comercial do País.