Banana de R$ 35 milhões não é só obra de arte, é peça de propaganda
Empresário pagou para ter mídia internacional e recebeu, de quebra, uma banana
Banana presa na parede por uma fita adesiva foi adquirida por US$6,2 milhões, provocando reações extremas e chamando a atenção da imprensa.
Uma obra composta por uma banana presa na parede por uma fita adesiva foi adquirida, em um leilão, pelo lance de US$ 6,2 milhões (aproximadamente R$ 35 milhões). O lance vencedor foi do empresário chinês Justin Sun, dono de uma empresa de criptomoedas.
Desde que foi exposta pela primeira vez, em 2019, a obra de arte, chamada "Comediante", provocou reações extremas e chamou a atenção da imprensa fora do circuito de arte. Justin Sun logo postou sobre a aquisição em suas redes sociais, como instagram e twitter: “Estou animado por compartilhar que adquiri com sucesso a obra icônica de Maurizio Cattelan, Comedian (Comediante), por US$ 6,2 milhões. Esta não é apenas uma obra de arte; representa um fenômeno cultural que une os mundos da arte, dos memes e da comunidade de criptomoedas".
Obras de arte podem ser um investimento, com potencial de ganhos em caso de revenda. Mas, nesse caso, o retorno do investimento foi imediato. Justin sabe que essa obra em questão se tornou um tema de interesse público e que o comprador será informado em diversos veículos de notícias. O valor da aquisição é tema de debates em rodas de conversas, e o comprador será mencionado muitas vezes, para falar bem ou mal. E assim o seu nome e sua empresa se tornam mais conhecidos.
Além disso, por acaso ou não, Justin menciona, sem nenhum contexto, a empresa SpaceX, de Elon Musk, em seu post sobre a obra. Pode ser uma forma de chamar atenção do bilionário, que também é uma figura pública de interesse da mídia.
O texto de Sun nas redes sociais menciona ainda a relação da arte com memes: Justin conhece seu público e sabe da interseção entre os interesses de entusiastas de moedas digitais com os memes: as “memecoins” são parte da cultura cripto. Há as moedas de memes mais famosas e antigas como o Dogecoin, criada em 2013, e novas que surgem cotidianamente, como a Floki, de 2021, criada com o nome de um cachorro de Elon Musk.
Ou seja, não importa que a obra de arte tenha custado apenas alguns centavos de dólar em sua confecção (preço da banana e de um pedaço de fita), o que importa é que estamos falando disso.
(*) Mariana Rodrigues é jornalista com especialização em economia.