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Banco BNP Paribas realiza hackathon em busca de ideias para acelerar carreira de grupos minorizados

Primeira edição do evento é interna e tem três grupos competindo; sugestões não precisam envolver tecnologia

10 out 2022 - 11h11
(atualizado às 17h46)
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Quando se pensa em hackathon, a primeira coisa que vem à mente é a tecnologia. Eventos do tipo costumam ser caracterizados como uma reunião de programadores e outros profissionais ligados ao setor para explorar códigos e propor soluções inovadoras a problemas propostos pelos organizadores, numa união entre as palavras 'hacker' e 'maratona', em inglês. Mas, e se um hackathon fosse proposto para uma finalidade não necessariamente tecnológica, ainda que demande inovação? Foi a ideia que levou a filial brasileira do banco francês BNP Paribas a iniciar um hackathon para aumentar a diversidade interna, como forma de avançar na pauta ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês).

Adriana Alves, vice-presidente e head da área de Diversidade, Inclusão e Equidade do banco BNP Paribas
Adriana Alves, vice-presidente e head da área de Diversidade, Inclusão e Equidade do banco BNP Paribas
Foto: Divulgação / BNP Paribas / Estadão

A proposta do hackathon do BNP Paribas é que os participantes encontrem uma solução para acelerar as carreiras de grupos sub-representados na empresa, como: mulheres, LGBTQIAP+, pessoas pretas e pardas e pessoas com deficiências, o que pode envolver tecnologia ou técnicas de desenvolvimento profissional, mas não deve se limitar a esses aspectos. A meta é que sejam desenvolvidos projetos para serem aplicados a partir de 2023.

A ideia de criar um hackathon específico para o tema é vista pela empresa como uma inovação em si, além das ideias que serão propostas. "A diversidade é um assunto em voga, mas todo mundo está fazendo muito igual. Sentimos necessidade de fazer algo diferente do que já era feito", explica Adriana Alves, head da área de Diversidade, Inclusão e Equidade do BNP Paribas.

Segundo a profissional, as empresas têm demonstrado vontade de incluir a diversidade em seus processos de governança, mas ainda estão num nível superficial. Por isso, a opção pelo hackathon: para fazer algo tangível, que permita mostrar em dados que a diversidade é benéfica para os negócios e para a lucratividade, ao permitir a inovação. "O hackathon permite trazer concretude para a diversidade, quase como algo lúdico e emocional, e se torna uma estratégia de negócio", comenta Alves.

O formato do evento tem 20 pessoas de diversas áreas do banco, divididas em três grupos. Cada grupo fará cinco reuniões, presenciais ou virtuais ao longo de dois meses, em busca da ideia, com a presença da própria Adriana. Os grupos trabalharão na ideia ao longo do tempo e a apresentarão a um júri formado por pessoas de fora da companhia, que apontará um vencedor. O resultado será anunciado pelo CEO da filial brasileira do BNP, Ricardo Guimarães, em 11 de novembro. Uma premiação será concedida aos membros do grupo vencedor, mas ainda não foi definida.

Entre os inscritos no hackathon, se inscreveram tanto pessoas dos cinco "grupos de afinidade" da empresa, que lidam com integração de grupos minorizados, como pessoas ligadas à tecnologia e inovação. Procurou-se dividir de forma que todos os grupos incluíssem ambos para trabalharem juntos, entre os técnicos na busca de soluções e outros "facilitadores" com olhar para as causas sociais. "O time de inovação entra na metodologia ágil, não necessariamente com ferramentas tecnológicas, mas com o olhar de quem está acostumado a fazer e viabilizar projetos, o que é possível realizar e o que não vai dar para implementar porque a ideia não é factível", afirma Alves. Ainda assim, soluções tecnológicas não estão descartadas, como uma plataforma que traga currículos às cegas. "A intenção com esse formato é unir as duas frentes para conseguir mais energia e ganhar mais confiança dentro da empresa", completa.

Segundo a vice-presidente, um ponto fundamental é que o hackathon foi abraçado também pela direção do banco, e o board de gestão tem acompanhado os trabalhos de perto, ressaltando a importância do evento, o que é reflexo também da participação do CEO. "É importante para eles poderem sair um pouco do dia a dia do banco e entenderem as necessidades dos colaboradores e dos grupos. Se o CEO faz esse compromisso, é mais fácil convidar os outros níveis hierárquicos", avalia. Além disso, o entendimento também é necessário para a governança das demandas diárias e do tempo dedicado ao evento.

A ideia do hackathon é considerada como disruptiva pelo BNP Paribas. O projeto escolhido ainda precisará ser lapidado, mas será colocado em prática a partir de 2023; já os outros dois serão poderão ser melhorados, ao invés de completamente descartados. A intenção é que os hackathons da diversidade se tornem anuais e, no futuro, incluam também pessoas de fora do banco. "Algumas vezes há uma dificuldade grande em aceitar a diversidade, ela leva a 'provocações' que nem todos estão preparados. Mas o evento serve para mostrar que somos um apoiador da diversidade e estamos em busca de algo concreto. A inovação e a diversidade andam juntas", diz Alves.

Adriana (primeira à esquerda) com um dos grupos de diversidade do BNP Paribas
Adriana (primeira à esquerda) com um dos grupos de diversidade do BNP Paribas
Foto: Divulgação / BNP Paribas / Estadão
Estadão
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