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Banco Central brasileiro tem mostrado independência operacional, diz Goldfajn

Para presidente do BID, postura divergente do BC de subir juros enquanto o banco central americano, o Fed, corta a taxa revela independência, porém sem desconsiderar eventos globais

26 out 2024 - 12h49
(atualizado às 14h41)
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Mercados diversos têm se mostrado capazes de administrar bem as suas economias num contexto global polarizado, disse o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, neste sábado, 26, em Washington (EUA), durante apresentação no Seminário Anual de Bancos Internacionais.

Ele ressaltou que o fato de o Banco Central do Brasil ter adotado uma postura divergente do Federal Reserve (Fed) quanto aos juros demonstra sua independência operacional.

No mês passado, o Fed reduziu em 0,50 ponto porcentual a taxa básica de juros, que passou a variar entre 4,75% e 5% ao ano. Foi o primeiro corte em quatro anos. Também em setembro, o Banco Central brasileiro elevou em 0,25 ponto porcentual a taxa básica de juros. A Selic foi de 10,50% para 10,75% ao ano. Foi o primeiro aumento desde maio de 2022.

"Essa eficácia é notável em várias regiões, incluindo a América Latina, onde a atuação dos bancos centrais, especialmente no timing de elevação das taxas de juros, foi benéfica", afirmou Goldfajn, citando que o Banco Central do Brasil tem adotando uma postura divergente do Federal Reserve, o que reforça a percepção de sua independência operacional.

"Essa independência, contudo, não implica uma desconsideração dos eventos globais, dada a sua relevância para a capacidade de ação dos bancos centrais", ponderou.

Na avaliação do presidente do BID, o papel dos bancos centrais, que também atuam como reguladores, é crucial para a criação de estabilidade, essencial para o crescimento econômico, o manejo da dívida e o enfrentamento de grandes desafios.

"A importância dessa estabilidade não pode ser subestimada, abrangendo também a inclusão financeira, a modernização dos sistemas de pagamento e a integração das moedas digitais. Há um vasto campo de atuação para os bancos centrais que pode ser explorado", disse ele.

Ele avaliou ainda que a polarização política crescente e as tensões que se manifestam globalmente vem prenunciando transformações futuras. Para ele, essa realidade se reflete globalmente, tornando mais evidente a diminuição dos espaços dedicados ao multilateralismo. "Apesar disso, sabe-se que há diálogo entre os bancos centrais, o que sugere uma busca por soluções conjuntas em meio a desafios compartilhados."

Crise climática

O presidente do BID também abordou a crise climática, tema transversal e presente em todas as discussões. Para Ilan, há um grande potencial transformador do Brasil em questões globais, especialmente no que se refere às mudanças climáticas e a inovação tecnológica.

"As mudanças climáticas têm sido um fator que realmente tem mudado o contexto em que estamos trabalhando. Outros países estão enfrentando cada vez mais o custo da mudança climática e isso realmente está mudando a maneira como países lidam com as suas economias", afirmou. Ele prevê que esse cenário pode beneficiar alguns países com abundância de recursos naturais, como o Brasil.

Neste contexto, ele avalia que a América Latina e o Caribe estão posicionados para desempenhar um papel fundamental em várias questões globais, particularmente na luta contra a mudança climática.

"A região tem o potencial de oferecer soluções inovadoras e sustentáveis, transformando o desafio climático em uma oportunidade de crescimento econômico e criação de empregos", afirmou, destacando que, em vez de encarar a transição ecológica como um custo, os países deveriam vê-la como um investimento no futuro.

"A integração regional e a colaboração internacional são essenciais para aproveitar essas oportunidades. Por exemplo, a cooperação entre a América Latina e a Alemanha no desenvolvimento de hidrogênio verde e a transformação energética no Brasil são indicativos do potencial da região em contribuir para uma economia global mais sustentável", afirmou o presidente do BID.

Além disso, ele avaliou que a América Latina pode desempenhar um papel vital na reconfiguração das cadeias de suprimentos globais, como demonstrado por estudos sobre suprimentos médicos e de infraestrutura.

Estadão
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