Banco Central dos EUA indica alta de juros em junho
Comunicado colocou sobre a mesa um aumento dos juros em junho, embora também dê flexibilidade suficiente para ser mais tarde
O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, abriu ainda mais a porta nesta quarta-feira para uma alta da taxa de juros já em junho, ao retirar sua promessa de ser "paciente" ao normalizar a política monetária norte-americana.
O Fed, contudo, sinalizou um cenário mais cauteloso para o crescimento econômico do país e reduziu seu curso projetado para a taxa de juros, em um sinal de que continua preocupado com a saúde da recuperação.
Em seu comunicado após dois dias de reunião, o comitê de política monetária do Fed repetiu sua visão de que as condições do mercado de trabalho melhoraram e deu seu mais forte sinal até agora de que está se aproximando da primeira alta de juros desde 2006.
O comunicado colocou sobre a mesa um aumento dos juros em junho, embora também dê ao Fed flexibilidade suficiente para agir mais tarde no ano, destacando que qualquer decisão vai depender de dados.
"O comitê prevê que será apropriado elevar a banda para a meta da taxa de juros quando vir mais melhora no mercado de trabalho e esteja razoavelmente confiante que a inflação voltará a seu objetivo no médio prazo", disse o Fed em seu comunicado.
O Fed afirmou ainda que um aumento dos juros continua sendo "improvável" em sua reunião de abril e disse que a mudança na orientação não significa que o banco central decidiu o momento da alta de juros. O Fed havia dito anteriormente que seria paciente ao avaliar quando vai normalizar a política monetária.
Embora o Fed tenha mostrando que está se aproximando de elevar os juros, novas projeções do banco central revelaram uma visão mais cautelosa do cenário econômico. O relatório trimestral do Fed de projeções econômicas apontou corte na perspectiva de inflação para 2015 e reduziu dramaticamente a trajetória para a taxa de juros.
O Fed continuou a admitir que a inflação está abaixo das expectativas, pressionada em parte pela queda dos preços da energia. "A inflação caiu mais abaixo do objetivo de longo prazo do comitê", disse o Fed.
A chair do Fed, Janet Yellen, tem mantido os juros perto de zero desde que assumiu o banco central em fevereiro de 2014.
E embora Yellen tenha aberto caminho para o início da alta de juros, o Fed continua a lidar com dados econômicos mistos: forte criação de empregos, crescimento contínuo e demanda saudável de consumidores nos EUA, mas colapso global nos preços do petróleo e rápida alta do dólar, o que pode significar que o Fed continua longe de sua meta de inflação.
O Fed reduziu nesta quarta-feira sua visão sobre a atividade econômica, dizendo que o crescimento "moderou um pouco", uma diferença em relação a dezembro, quando citou que a atividade econômica estava se expandindo a um ritmo sólido. Não houve dissidentes em relação ao comunicado do Fed.