Banco Central encerra maior ciclo de alta dos juros em 23 anos
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% em reunião realizada nesta quarta-feira, mas com placar dividido: 2 dos 9 membros queriam taxa a 14%
Mesmo com as expectativas de inflação ainda num patamar alto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, encerrando o mais longo ciclo de alta de juros de sua história às vésperas da eleição.
A taxa, ainda assim, é a maior desde janeiro de 2017. Foram 12 altas consecutivas neste processo de aperto monetário, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais, o maior choque de juros desde 1999. O ciclo foi iniciado em março de 2021, quando os juros básicos estavam na mínima histórica de 2% ao ano.
O aumento de juros é considerado uma medida impopular. A última vez que ocorreu um aumento da Selic durante a campanha ao Palácio do Planalto foi em 2002, ano da primeira vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O então candidato do governo, José Serra (PSDB), perdeu aquela eleição.
A decisão do Copom não foi unânime. Segundo o comunicado divulgado pelo Banco Central, sete dos nove membros do comitê votaram pela manutenção de 13,75% - os outros dois votaram por uma "elevação residual" de 0,25 ponto percentual, o que jogaria a Selic para 14%.
Mesmo com a estabilidade da taxa Selic, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 8,22% ao ano. Em segundo lugar na lista que considera economias mais relevantes, aparece o México (5,13%), seguido da Colômbia (3,86%). A média dos 40 países avaliados é de -1,69%.
Taxa está em 13,75% ao ano, e o Copom sinalizou, em agosto, que vai avaliar um possível ajuste de 0,25 ponto porcentual este mês
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Críticas de Paulo Guedes
Na segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o BC errou as projeções econômicas por não perceber uma "mudança no eixo". "O BC também errou projeções, mas com erro técnico, de pessoal mais sofisticado. O BC errou por não perceber que mudamos o eixo da economia. O BC errou ao falar o tempo todo em risco fiscal, desajuste fiscal, quando íamos para superávit. O BC estava preocupado com o fiscal e eu com o juro negativo", disse.
No cenário internacional, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aumentou nesta quarta-feira as taxas de juros do país para uma faixa de 3% a 3,25% - uma alta de 0,75 ponto percentual. É a quinta elevação neste ano, levando a taxa básica de juros dos EUA ao seu maior patamar desde 2008, pouco antes de o país passar por sua maior crise desde a quebra das bolsas em 1929.