Banco Central sinaliza que pode subir juros no curto prazo
O Banco Central manteve a Selic em 14,25% nesta quarta-feira (25), mas sinalizou que pode retomar o ciclo de alta dos juros em 2016 diante do aumento das expectativas de inflação do mercado.
"O Banco Central veio com um comunicado bastante diferente, com um tom mais conservador. Ele sinalizou que é grande a probabilidade de novo ciclo de aperto monetário no início do ano que vem", diz Tatiana Pinheiro, economista sênior do Santander.
A projeção do banco é manutenção de Selic em 2016, mas que deve ser alterada para a estimativa de uma alta dos juros no curto prazo. Segundo Tatiana, o banco vai esperar a ata da reunião na semana que vem para mudar a projeção. "Vai ficar mais claro com a ata em quanto o BC está pensando em aumentar os juros", diz a economista.
O comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) veio totalmente diferente da reunião de outubro, muito mais lacônico, e mostrou uma rara divisão entre os membros do BC, com dois diretores votando por um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic: Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro) e Tony Volpon (Assuntos Internacionais).
O documento não fala mais em manutenção da Selic "por período suficientemente prolongado" e apenas diz que manteve os juros "avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação".
Para Ignacio Crespo Rey, economista da Guide Investimentos, o mercado já esperava que o comunicado viesse com um tom mais conservador dada a desancoragem das expectativas de inflação nas última semanas, mas avalia que o tom foi ainda mais duro. "Há 16 semanas, as expectativas para o IPCA sobem, era previsível que o BC iria se mostrar mais reativo. Mas o tom foi mais duro que se esperava", diz Rey.
Mesmo avaliando que aumentou a probabilidade de o BC subir a Selic no curto prazo, a Guide mantém a sua estimativa de que a taxa de juros vai continuar estável em 2016. Segundo Rey, o BC continua com as mãos atadas esperando uma definição sobre a questão fiscal do país.
A expectativa é de que o mercado de juros futuros se ajuste à sinalização de um BC mais conservador austero, segundo Tatiana, do Santander. Segundo ela, deve haver uima alteração relevante nos contratos com vencimentos mais curtos nesta quinta-feira (26).