Banco Inter estuda migrar para a Bolsa americana Nasdaq em busca de alcance global
Listada na B3, a instituição está na fase final de estudos para entrar Bolsa de empresas de tecnologia, onde já estão listadas XP, PagSeguro e Stone
Em paralelo ao investimento de R$ 2,5 bilhões que receberá da Stone, o Banco Inter está na fase final de estudos para listar-se na Nasdaq, Bolsa americana de empresas de tecnologia. De acordo com comunicado enviado pela instituição à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a atual base acionária será transferida para uma nova empresa, constituída nas Ilhas Cayman, que vai abrir capital no mercado dos Estados Unidos. Isso resolveria um questionamento antigo ao preço das ações do Inter, visto como alto por parte do mercado, mas justificado por outra parte pela forte presença digital do banco.
Os atuais acionistas do Banco Inter, que é listado na B3, a Bolsa brasileira, seriam migrados para a Inter Plataform, Inc, empresa que seria registrada na Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana). Após a listagem na Nasdaq, essa nova empresa teria Brazilian Depositary Receipts (BDRs) - recibos de empresas estrangeiras - negociados na B3.
O Inter afirma que, com a criação de um ecossistema de produtos e serviços que vai além do setor bancário, tem a pretensão de atingir alcance global. A instituição acredita que, ao entrar no mercado internacional, poderá ampliar ainda mais a base de clientes e consolidar seu posicionamento como uma plataforma digital completa.
Com a listagem na Nasdaq, o Inter espera fortalecer-se como companhia global de tecnologia no setor financeiro, além de aumentar a base de investidores. Além disso, segundo o banco, será mais fácil comparar seu valor ao de outras instituições semelhantes que já são listadas na Nasdaq.
Essa mudança traria espaço para que os múltiplos das ações do Inter, considerados altos por analistas, subissem ainda mais. Em geral, empresas negociadas na Nasdaq conseguem negociar a um prêmio ante pares listadas em outros mercados, justamente pela maior disposição daquele mercado em pagar preços maiores por companhias com forte pegada tecnológica. No setor financeiro, as brasileiras XP, Stone e PagSeguro são listadas na Bolsa americana.
Em outro ponto, a mudança de listagem permitiria ao Inter emitir ações com voto plural, ou supervoto. Segundo o banco, esse mecanismo facilitaria futuros aumentos da base de capital para assegurar que, mesmo investindo no próprio crescimento, o banco não deixará de cumprir as obrigações de capital definidas pela legislação.
Ainda não há data para que a reorganização aconteça. Como ela ainda está em fase de estudos, as condições podem ser alteradas.
Estrutura
A mudança começaria pela incorporação das ações do Banco Inter pela Inter Holding, negócio da família Menin que controla o banco. Os acionistas receberiam o direito a ações da holding, que logo depois seriam resgatadas. O pagamento pelo resgate seria feito com a entrega de ações classe A ou BDRs da futura Inter Plataform ou, então, com o pagamento em reais do valor das ações, a ser definido em laudo de avaliação.
As ações de classe A da Inter Plataform teriam direito a um voto cada, e as ações de classe B, que seguiriam com os Menin, dariam direito a voto plural. As ações de classe B não seriam listadas em nenhuma bolsa, mas poderiam ser convertidas em ações de classe A, na razão de um para um.