Bancos apostam em 'tags' e ameaçam domínio da Sem Parar nos pedágios
Pioneira no serviço no País vê Greenpass, ConectCar e Veloe mudarem modelo de negócio
O avanço das concessões de rodovias à iniciativa privada traz consigo a expectativa de um salto na demanda por pagamentos automáticos em pedágios e atrai empresas que antes não olhavam para esse bolo. Os grandes bancos estão neste grupo e veem nas chamadas tags uma ferramenta para aumentar o relacionamento com os clientes. As ofertas que têm sido feitas, em geral sem mensalidade, atingem diretamente a Sem Parar, líder do segmento.
Fundada em 2000, a Sem Parar atuou sozinha no segmento por 11 anos, até que a agência reguladora paulista Artesp obrigou as concessionárias a assinar contrato com todas as empresas que homologava. Nascia o conceito de OSA - Operadora de Serviços de Arrecadação. Assim, em 2011, foi fundada a ConectCar, que posteriormente teve o controle adquirido pelo Itaú Unibanco.
Neste cenário de maior concorrência, a líder de mercado Sem Parar afirmou ao Estadão/Broadcast, em agosto, que busca a diversificação. "Sabíamos desde o início que só o pedágio não iria funcionar, por isso passamos a oferecer outros serviços", disse o vice-presidente comercial, Bartolomeu Correa.
O executivo citou como exemplo o aplicativo da marca, que oferece serviços como o parcelamento de tributos através de parcerias. A empresa também fechou um acordo com a seguradora HDI, uma das maiores do País em automóveis, para permitir que seus clientes façam a cotação de seguros de forma digital. Em troca, os clientes da HDI terão melhores condições na compra da tag.
Sem parar contra Veloe e ConectCar
A disputa por mercado não ocorre apenas no campo operacional. A Sem Parar foi ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a Veloe e a ConectCar, alegando que as ofertas dos bancos, com tags gratuitas ou subsidiadas, são anticompetitivas.
Turquetto, da Veloe, diz que é natural que a rival busque proteger sua posição de mercado, mas ameniza as alegações. Segundo ele, o maior potencial de crescimento está no público que não utiliza tags, estimado em metade da frota do País.
O Itaú informou, em nota, que segue a legislação e que tem compromisso com a concorrência. "O banco informa, ainda, que apresentará sua defesa junto ao Cade, na qual demonstrará que as condutas apontadas no processo são improcedentes", disse a instituição.
A Sem Parar afirmou que "os processos seguem em análise pelo órgão competente e a empresa continua à disposição para esclarecimentos".
Concorrentes
• Sem Parar
A empresa, que é líder no segmento de tags, com uma fatia de 66% do mercado, foi fundada em 2000 e atuou sozinha por 11 anos.
• ConectCar
Criada em 2011, a empresa teve o controle adquirido pelo Itaú em 2016. A tag tem 2 milhões de clientes - sendo 800 mil deles clientes do Itaú, isentos da mensalidade do serviço.
• Greenpass
Fundada em 2017 por ex-executivos da ConectCar, a empresa teve o controle adquirido no início deste ano pela francesa Edenred. O plano da empresa é alcançar 2,4 milhões de clientes nos próximos três anos.
• Veloe
Em meados de 2018, Bradesco e Banco do Brasil fundaram a Veloe. A empresa afirma que detém atualmente 15% do mercado, estando atrás apenas da Sem Parar.
