Script = https://s1.trrsf.com/update-1731943257/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Baskem: Adnoc, petroleira de Abu Dhabi, desiste de negociar participação da Novonor na petroquímica

Afundamento de bairro em Maceió por causa de mina de sal-gema teria atrapalhado as negociações com os árabes

6 mai 2024 - 13h05
(atualizado às 14h22)
Compartilhar
Exibir comentários
Cenas no bairro do Bebedouro, um dos bairros afetados pelas ações de exploração da Braskem, na chamada Mina 18
Cenas no bairro do Bebedouro, um dos bairros afetados pelas ações de exploração da Braskem, na chamada Mina 18
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

A petroquímica Braskem informou nesta segunda-feira, 6, que a petroleira de Abu Dhabi Adnoc não tem interesse em continuar as tratativas com a Novonor (ex-Odebrecht), controladora da Braskem, para compra da fatia da empresa na petroquímica.

"Fomos informados pela Adnoc que não há interesse em dar continuidade ao processo de análise e negociações com a Novonor sobre a potencial transação. A Novonor segue plenamente engajada no processo, em linha com o compromisso assumido com suas partes relacionadas", diz o comunicado da Novonor, enviado à Braskem.

A desistência da petroleira estatal do Oriente Médio ocorre após longas negociações e um processo de auditoria dos ativos da companhia brasileira. Inicialmente, a empresa fez proposta de compra junto com a gestora americana Apollo, um ano atrás. Em novembro, sem a Apollo, a Adnoc se propôs a pagar R$ 10,5 bilhões pela participação total da Novonor.

A holding da família Odebrecht detém o controle da Braskem, com uma participação de 50,1% das ações ordinárias e 38,3% do capital total. Ao seu lado está a Petrobras, com uma fatia de 47% das ordinárias e 36,1% do total. A Novonor negocia sua fatia como parte do plano de recuperação judicial de mais de R$ 80 bilhões pedido em 2019.

Por trás da desistência, segundo informações, está o problema enfrentado pela Braskem em Maceió nas suas operações de mineração de sal-gema que levaram ao afundamento de cinco bairros da capital alagoana. Isso já drenou muito dinheiro da petroquímica - estima-se mais de R$ 15 bilhões - e ainda muitas ações a serem resolvidas com as autoridades locais. O caso levou à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional, em Brasília.

O Estadão/Broadcast mostrou em março que, do lado da Adnoc, os comentários eram de que eventuais revisões no passivo relacionado à operação desativada de sal-gema em Maceió, após o afundamento da mina 18 em dezembro do ano passado, tinham trazido mais incertezas ao negócios para os árabes. Sem acordo sobre os passivos ambientais e o aumento de interferências políticas, a multinacional de Abu Dhabi preferiu buscar outros ativos para investir.

Segundo um especialista do setor, os acionistas da companhia brasileira - Novonor e Petrobras - podem aguardar um tempo e argumentarem que a Braskem não pode ficar eternamente à venda, como justificativa para a estatal petrolífera brasileira assumir o controle, adquirindo as ações da sócia. Mas o custo político, diante de uma aquisição de um ativo da ex-Odebrecht, que se envolveu no escândalo da Lava-Jato durante os governo do Partido dos Trabalhadores (PT), poderia ser alto.

A venda da Braskem, que chegou a ser negociada em 2018 com a multinacional holandesa LyondellBasell e que desistiu em 2019 após virem à tona a gravidade dos problemas de Maceió, também atraiu o interesse no ano passado da J&F, holding dos irmãos Batista (donos da JBS), a Unipar e a petroquímica Sabic, da Arábia Saudita. Mais recentemente, a PIC, companhia petroquímica do Kuwait, que, segundo informações, teria iniciado processo de due diligence. As conversas com os grupos brasileiros J&F e Unipar esfriaram no ano passado, quando a Adnoc ganhou a preferência de negociar por parte da Petrobras e do governo federal, mas eles não retiraram as suas propostas da mesa.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade