BC busca solução para evitar bola de neve no cartão e manter compra parcelada, diz Campos Neto
Segundo presidente do Banco Central, carta divulgada por representantes das maquininhas independentes contra proposta de limitar parcelamento 'surpreendeu'; 'Vamos conversar melhor à frente', afirma
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse ter ficado surpreso com a manifestação da Abranet, a associação que representa as maquininhas independentes, após a reunião realizada na segunda-feira, 16, para buscar um consenso em torno do parcelamento sem juros das compras com cartão de crédito.
Ele salientou que, na falta de entendimento entre os participantes do mercado, o BC sempre pode propor uma solução. "Estamos tentando uma solução para equilibrar e não ter bola de neve no efeito do rotativo e para que a população possa continuar comprando pelo parcelado", disse.
O tema opõe os bancos, preocupados com o risco que assumem na operação e querem um limite no parcelamento dessas compras, e as credenciadoras, que são responsáveis pela intermediação dos pagamentos. Após a reunião, a Abranet divulgou uma carta aberta para o corpo executivo do Banco Central — incluindo Campos Neto — refutando a proposta da autarquia de limitar o parcelamento em 12 prestações.
"Foi uma surpresa para mim porque não teve nenhuma relação com a participação que eles tiveram (na reunião). Eles estavam na reunião, poderiam ter falado naquele momento", declarou Campos Neto durante evento promovido hoje pelo Estadão, com apoio do Broadcast, em parceria com o B3 Bora Investir, site de notícias e conteúdo educacional produzido pela Bolsa em parceria com o Estadão.
"Fizeram isso através de uma carta, que achei que não cabia, mas este é um tema que vamos conversar melhor à frente", acrescentou o presidente do BC.
Segundo Campos Neto, durante a reunião, a Abranet não se mostrou veemente contra e prometeu analisar a proposta. O presidente do BC frisou que para encontrar uma solução estrutural é preciso que as partes estejam dispostas a ceder um pouco.
Ele afirmou ainda que as vendas parceladas sem juros tornaram-se um substituto do cheque pré-datado, mas cresceram demais, levando a uma "intoxicação do produto" que resultou em avanço da inadimplência, alta dos juros do cartão e um problema revelado semanas atrás por um emissor.
Ele pontuou que o mercado poderia não encontrar sozinho uma solução organizada, como um freio nas emissões de cartões por conta do aumento da inadimplência, o que levou o BC a agir. "Colocamos todos na mesa. Talvez não fazer nada não seja uma solução."